Guerra e Paz numa Europa a precisar do Pão da Vida
A pandemia e a agressão Russa contra a Ucrânia derrubaram a sensação de segurança existencial dos cidadãos da Europa. Colocaram-nos de novo numa encruzilhada, que tinha sido esquecida a 8 de Maio de 1945: guerra ou paz?
Não que o mundo estivesse completamente em paz desde aquela data. Bastará recordar Agosto desse ano em Hiroshima e Nagasaki; a chegada ao poder dos soviéticos em todos os países orientais e o inicio da Guerra Fria; as Guerras da Coreia e do Vietname e a luta pela independência das colónias europeias em África, entre outros conflitos.
Mas com a queda do muro em 1989, a paz estava destinada a ser perpétua para nós europeus, e, a longo prazo, para todos...
Se é verdade que bastava que cada um fizesse a paz em sua casa para que o mundo inteiro ficasse em paz, também é que quando não nos preocupamos com os outros, a guerra volta...
Nós europeus estávamos essencialmente desligados do mundo. Tudo o que precisávamos era cuidar dos nossos negócios, da nossa economia, um pouco indiferentes ao bem estar dos outros. Aliás, nas últimas décadas o único sinal perturbador vinha de fora - como continua a vir - e que é esse fluxo migratório: imigrantes que procuram uma vida melhor junto de nós. Na Europa, tal como em Portugal, esta questão é vista pela direita como um problema de identidade e segurança, e pela esquerda como um pedido de acolhimento por parte dos degradados da terra. Porém, somos nós ao comando! Nós europeus, estávamos no controle. Mas, também isto, não é verdade.
E nestes tempos de transição para uma nova ordem mundial, na nossa Europa, cada vez mais laica e ateia, não só os cidadãos mas também os políticos perderam qualquer resquício de Esperança...
E assim a política cega recuou para o medo, embora as pessoas precisem desesperadamente de esperança. A onda populista que varre o Ocidente como um tsunami transformou as emoções e os medos das massas na agenda das forças políticas. O populismo marca profundamente toda a política portuguesa e europeia, de direita e de esquerda.
Como compreendo perfeitamente as palavras do Papa Francisco neste último domingo, ao celebrar o Corpo de Deus: «Todos os dias vemos cada vez mais estradas que outrora cheiravam a pão fresco e hoje estão reduzidas a montes de escombros, por causa da guerra, do egoísmo e da indiferença. É urgente devolver ao mundo o aroma bom e fresco do pão do amor, para continuar a esperar, sem nunca se cansar, e a reconstruir o que o ódio destrói.»
O Mundo tem necessidade deste pão, do seu perfume. Uma fragrância que sabe a gratidão, que sabe a liberdade, que sabe a proximidade e que é Jesus Cristo.
Possamos nós cristãos, demonstrá-lo já no próximo fim de semana com uma participação massiva nas eleições europeias.