Amar é sempre mais
Só há amor se quem o escolhe o faz em liberdade e não condicionado por uma paixão arrebatadora. É um compromisso que se assume com uma intenção pessoal e clara, face a uma realidade que tem muito pouco de previsível.
Amar é lançar-se num vazio rumo a uma felicidade que depende mais das ações do que dos resultados.
Só há amor se quem o escolhe respeita a liberdade do outro a quem ama. A verdadeira bondade que é amar implica fazer o que se determinou, mesmo que o outro não corresponda como imaginado ou não corresponda de forma alguma.
Quem ama buscando ser correspondido não ama como deve. A liberdade pura com que se deve amar é igual à liberdade com que aceitamos ou não ser amados. Por vezes, o amor exige-nos que queiramos o bem de quem não nos quer. Há quem fale na incondicionalidade do amor, mas não consiga sequer imaginá-la.
Amar é ser mais. Sempre mais. Superando o próprio entendimento. Não é lógico. É um salto de fé.
Respeitar quem amamos é uma decisão que pode implicar ir contra a nossa própria vontade, no caso de, por exemplo, ele não nos respeitar ou sequer nos tolerar por perto.
Quem ama não se afasta, mas também não se impõe. Permanece tão firme quanto é possível à frágil vontade humana.
Podemos e devemos amar sempre, escolhendo e querendo o que for melhor para o outro. E é este contraegoísmo que acontece e habita o maior dos mistérios do amor, que se esconde e revela em cada um dos mil nãos que é preciso dizer, e cumprir, para que se realize o sim que um dia dissemos e que para sempre queremos ser.