Operários para a messe
O apelo a uma maior solidariedade entre nós tem sido uma nota dominante neste período marcado pela pandemia COVID-19. Como sabemos, a suspensão temporária de alguns setores da atividade laboral bem como o aumento do desemprego tem fragilizado economicamente muitas famílias. O atual cenário tem gerado incerteza, despertado a ansiedade e semeado o medo quanto ao futuro, mas tem também multiplicado gestos generosos, «atitudes fora do comum», no sentido de aliviar o sofrimento daqueles que são as principais vítimas desta situação. O apelo dos que sofrem mobiliza-nos, torna-nos mais humanos, resgata-nos da tentação da indiferença, amolece o coração de pedra que por vezes habita em nós.
A messe é grande e os operários continuam a ser poucos. Hoje, de novo, há uma multidão afadigada, abatida e desorientada, que caminha errante. São como ovelhas sem pastor. Onde estão os novos operários? Quem são? Qual é a sua missão?
Todos os batizados, enquanto membros da Igreja, são chamados a participar ativamente na transformação deste mundo segundo o plano de Deus. Assim, se és batizado e fazes parte de um partido político, lembra-te que o discípulo de Jesus no mundo da política deve cuidar acima de tudo do bem comum; se fazes parte da Igreja e trabalhas na área economia, recorda-te que és chamado a potenciar um modelo económico mais humano e amigo do ambiente; se és bafejado pelo dons artísticos e alimentas a tua fé através dos sacramentos da Igreja, aceita o desafio de propor a mensagem de Deus através da linguagem continuamente recriada da beleza e do amor; se estás ligado ao mundo das ciências e acreditas em Deus, procura testemunhar a tua fé com o saber cientifico para que ambas as áreas, ciência e fé, concorram para a superação do mal.
Sente-te convocado a trabalhar na messe do Senhor, mesmo sabendo que o ambiente cultural em que estamos imersos é de tal modo anestesiante que facilmente ficamos surdos ao chamamento de Deus. Dizer não a Deus que diretamente repete o nosso nome para uma determinada missão, não só é pecar por omissão, mas é também perder uma oportunidade de encontrar uma forma de realização pessoal.
A messe é grande e os operários são poucos. De diferentes modos, todos somos chamados a dar um nosso contributo para que esta seara cresça e dê fruto. Assumamos o desafio divino.