Ser mãe é ter esperança.

Depois de muitas angústias, vários tratamentos e de recebermos a notícia de que a gravidez evoluía bem, apercebi-me que a nossa vida estava prestes a mudar: uma mudança de felicidade. Tinha-me deixado absorver pela nossa fé e tinha chegado o nosso momento, finalmente. Compreendi que nos havíamos sempre preparado para combater a dor dos vários resultados negativos, sem que não nos tivéssemos preparado para tamanha felicidade quando este é positivo.

Ser mãe é estar preparada, mesmo sem o saber.

A maternidade é um verdadeiro estado de graça em que somos envoltas num véu protector – é um tempo único repleto de ansiedade, de crescimento interior, de crescimento do próprio casal e, principalmente, de muito amor, alegria e cumplicidade.

É um período de encanto, de descoberta e de experiências – sempre tive esperança que seja mútuo entre nós e a criança… mas será também uma etapa de apreensão por sermos a base na sua formação e no seu futuro. O acompanhamento do início de uma nova vida que toma forma cada dia é divino.

Ser mãe é sentir-se sempre acompanhada.

Nunca mais estamos só; tudo se re-perspectiva na nossa vida. As prioridades deixam de sê-lo e surgem outras, novas. Há angústias, claro que sim! Há preocupação e incerteza, um cansaço que parece desvanecer quando à noite nos debruçamos e contemplamos a serenidade de um filho que dorme. É o momento em que uma paz infinita nos enche o coração; esse coração que cresce de generosidade e de orgulho, mas que se contrai num grão de areia quando o perdemos de vista (literalmente!) ou agimos num impulso de fadiga contra o que sempre acreditámos. Torna-se um coração polivalente!

Ser mãe é ser modelo.

Todas o sabem, mas quando o esquecemos por um instante, a vida recorda-nos de imediato. Somos o apoio e o exemplo e nem é preciso atentar muito para que sejamos lembradas – quantas vezes me vejo espelhada nos pequeninos… E pode haver um momento em que nos apercebemos claramente que mudámos e os mudamos: nunca gritara com o mais velho até aparecer o mais novo e sob alguma tensão profissional dei por mim a fazê-lo… até ao dia em que ao mudar a fralda ao pequeno ele me imitou a “ralhar” com o mano. Fiquei siderada. Foi um aviso, um alerta que não mais esquecerei.

Ser mãe é viver uma aventura constante, partir numa viagem na montanha-russa mais incrível sem saber quando surgirá uma descida alucinante após uma suave e longa subida.

[© Testemunho de Maria José Pires | 2014]