Natal de A a Z
Já estamos no Advento. Um tempo muito necessário de preparação para o Natal.
Para além das luzes que se acendem, das montras que se enfeitam, da neve a fingir que cai nos centros comerciais, este é um tempo que pede silêncio. Tente sossegar o coração e preparar-se para o nascimento de Jesus.
Sempre que nasce um bebé os tempos que antecipam esse nascimento são de preparação. No Natal não é diferente.
É um tempo de antecipação e espera. Para o ajudar nesta preparação, propomos-lhe um “Natal de A a Z”.
Através do alfabeto, todos os dias do advento, revelamos-lhe o significado de personagens, objetos e momentos que compõem o espírito de Natal.
Azevinho
Há muitas lendas à volta do nascimento do Menino Jesus. Uma delas conta que quando a Sagrada Família fugiu para o Egipto, o azevinho escondeu e protegeu Maria e o seu Filho, impedindo que os soldados de Herodes O matassem. Conta-se, também, que Maria abençoou o azevinho e é por isso que, desde essa altura, ele está sempre verde!
Hoje o azevinho é uma das plantas mais utilizadas na Coroa do Advento que anuncia a chegada do Natal.
Boi e Burro
Em quase todos os presépios há um boi e um burro, ou pelo menos um dos dois. E isto é curioso, porque nenhum dos quatro evangelhos – de Mateus, Marcos, Lucas e João – faz referência à presença de animais na Gruta de Belém. Os historiadores admitem que esta tradição possa ter as suas raízes num texto do Profeta Isaías que diz: “O boi conhece o seu dono e o jumento o estábulo do seu Senhor”.
Não é certo que houvesse de facto um boi e um burro na Gruta de Belém, mas ainda hoje gostamos de acreditar que estes animais aqueceram o Menino Jesus, na noite em que nasceu.
Consoada
É uma refeição especial em que – todos juntos – somos desafiados a lembrar o que é essencial e onde nos preparamos também para a Missa de Natal. De acordo com a tradição, a mesa da Consoada não deve ser levantada até ao Dia de Reis.
Dar
Este ano, por exemplo, pode ajudar jovens estudantes a continuar a sonhar com um futuro na escola.
Só tem que se juntar à Campanha de Natal Worten Renascença, para oferecer bolsas de estudo a alunas de “vinte valores” que não têm dinheiro para continuar a estudar.
Estrela de Belém
Não há Árvore de Natal onde ela não tenha o seu lugar de destaque: lá bem no alto, há sempre uma estrela brilhante.
Esta ligação da Estrela ao Natal já vem de longe. No Evangelho, Mateus fala de uma estrela que anunciou o nascimento de Jesus e que guiou Baltasar, Belchior e Gaspar – os três Magos que viajaram do Oriente a Jerusalém para conhecer o Menino.
Essa estrela ficou conhecida como Estrela de Belém. É uma estrela brilhante, porque também Jesus seria a Luz do Mundo. Desde então, a estrela é um símbolo que nos lembra o que aconteceu na noite de Natal.
Família
Maria de um lado, José do outro e Jesus deitado, no meio dos dois: esta é provavelmente a imagem mais conhecida da Sagrada Família, no presépio. Mas desde a Idade Média que há artistas que representam outros momentos da vida da Sagrada Família, como por exemplo a Fuga para o Egito: ao saber que Herodes queria matar o Menino, Maria e José agarraram no pouco que tinham e saíram de Belém a toda a pressa.
Na pintura ou na escultura, Maria está quase sempre sentada num burro com o Menino ao colo e José caminha ao lado deles.
As viagens continuam a fazer parte do Natal de muitas pessoas, que vão assim juntar-se à família, porque o Natal é tempo de estar em família.
Galo
Celebra-se à meia-noite – de 24 para 25 – e é o ponto alto da celebração da Festa de Natal entre os católicos: a Missa do Galo.
Há várias explicações para esta expressão, uma delas tem origem numa lenda espanhola. Diz a lenda que, na noite de 24 de dezembro, cada lavrador da província de Toledo, em Espanha, matava um galo para lembrar o momento em que o galo cantou, depois de Pedro negar Jesus. Esse galo era depois levado para a Igreja e oferecido aos mais pobres.
Algumas aldeias portuguesas também tinham a tradição de levar um galo vivo para a Igreja, à meia-noite. Se ele cantasse, vinham aí boas colheitas.
Com galo ou sem galo, o Natal é sempre um convite à partilha e à esperança.
Hebreus
A história do povo hebreu é contada nalgumas páginas do livro mais vendido do mundo e que foi, também, o primeiro a ser impresso: a Bíblia.
Entre os hebreus mais famosos estão Abraão, Moisés, David e Jesus.
Abraão, pai de Isaac, foi um homem que foi posto à prova na fé. Moisés foi o menino salvo das águas que conduziu o povo eleito pelo deserto e atravessou o Mar Vermelho. David foi o jovem que venceu Golias. E Jesus é o Messias que foi anunciado pelos Profetas no Antigo Testamento – é o nascimento d’ Ele que celebramos na noite de Natal.
Incenso
Incenso e também ouro e mirra – os três presentes que, segundo a tradição, os Reis Magos ofereceram ao Menino Jesus quando nasceu.
Estas ofertas têm um grande valor simbólico.
O incenso, que foi oferecido por Gaspar, representa a divindade de Jesus. O ouro, levado por Belchior, é um símbolo da Sua realeza. Quanto a Baltasar, presenteou o Menino com mirra. Esta erva, entre outras coisas, era muito utilizada naquela época para embalsamar os mortos e pode ser entendida como uma alusão à Paixão que Cristo havia de sofrer.
A oferta de presentes continua a ser tradição na noite de Natal – e os mais bonitos, os ficam para a vida, são aqueles que são dados com amor.
José
O Natal é a história de um menino que nasceu e mudou o mundo. Mas também é a história de José, o marido de Maria, que amou e protegeu Jesus como se fosse seu filho… de tal forma que João Paulo II não teve dúvidas quando disse que “o filho de Maria é também filho de José”.
Apesar disso, as escrituras contam-nos muito pouco sobre José. Não há registo de palavras dele ou de conversas que tenha tido.
Também por isso, São José é lembrado como aquele que é capaz de fazer silêncio e como o “justo”, porque não se precipitou a julgar Maria. Pelo contrário: protegeu-a, a ela e ao Menino… e ainda hoje São José continua a proteger com o mesmo empenho todos aqueles que a ele recorrem.
Luz
Natal é “Luz”… que brilha nas velas que são acesas na Noite de Natal.
Conta-se que esta tradição começou numa aldeia austríaca, com um sapateiro que vivia numa cabana junto à estrada… todas as noites ele punha uma vela acesa à janela, para guiar os viajantes. Era muito pobre, mas nunca deixou que a chama se extinguisse. Entretanto, veio uma guerra que levou muitos jovens da aldeia… e o sapateiro continuou a pôr a vela à janela, para que esses jovens encontrassem o caminho de volta a casa.
Inspiradas por este gesto, todas as pessoas da aldeia acenderam uma vela… era Noite de Natal. E à meia-noite os sinos tocaram a anunciar mais uma boa nova: a guerra tinha acabado! Muitos acreditaram que foi o milagre das velas e, desde então, há uma vela acesa em tantas casas, no Natal.
Estas velas a brilhar lembram-nos também que Jesus é a Luz do Mundo.
Menino Jesus
É a festa de aniversário d’ Ele e é Ele que faz o Natal acontecer.
O Menino Jesus é o Messias: foi anunciado pelos Profetas no Antigo Testamento e esperado pelo Povo Eleito, mas é oferecido a todos e a cada um de nós. Por isso mesmo, o Pe. Tolentino Mendonça disse um dia que “a terra de Jesus é o coração humano” – Ele veio para se encontrar com cada pessoa, independentemente da cultura, da raça ou da história que tem. E esta é uma das grandes alegrias do Natal: perceber que este Menino, que nasceu numa gruta em Belém, nos ama a todos, todos os dias.
"Noite Feliz”
É um dos cânticos mais famosos da Noite de Natal e é Património Cultural Imaterial da Humanidade.
“Noite Feliz” nasceu há 200 anos numa pequena cidade austríaca, nas montanhas do Tirol. Pouco antes do Natal, os ratos roeram os foles do órgão da igreja da cidade… mas o Padre Joseph Mohr não estava disposto a deixar as pessoas que as pessoas ficassem sem música, na missa da Noite de Natal. Então, foi pedir ajuda a Franz Gruber, um amigo que era músico. Conta-se que pelo caminho o Padre Mohr escreveu um poema sobre o nascimento de Jesus e que Gruber compôs uma melodia para esses versos serem acompanhados por uma viola de 12 cordas, um instrumento típico do Tirol. E foi assim que “Noite Feliz” foi apresentada pela primeira vez.
Hoje, este hino à paz canta-se em todo o mundo, em mais de 40 línguas, para celebrar a grande festa que é o nascimento do Menino Jesus.
Oração
Para lá das decorações, das luzes e dos presentes, o Natal é um tempo em que somos convidados a fazer uma Oração ao Menino Jesus – tal como o fizeram há mais de dois mil anos os anjos em Belém.
Segundo as Escrituras, depois de anunciarem aos pastores que o Salvador tinha nascido, os anjos cantaram “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados”.
Recordar esta pequena oração é entrar no verdadeiro espírito do Natal e continuar a caminhada até Belém.
Presépio
Presépio, na origem, quer dizer estábulo, curral ou lugar para recolha de gado. Para nós, é o nome que se dá à representação do nascimento de Jesus.
O primeiro presépio da história foi imaginado e criado por São Francisco de Assis. Foi em 1223 em Greccio, cidade italiana.
Conta-se que São Francisco queria celebrar a Noite de Natal com a mesma simplicidade com que ela tinha acontecido. E assim foi: numa gruta natural, em torno de uma manjedoura, com figuras em tamanho real… e, como estava frio, São Francisco levou também feno, um boi e um burro.
A recriação do nascimento do Menino espalhou-se pelo mundo e, com o tempo, foi ganhando várias formas. Este ano, por exemplo, há um inédito na Praça de São Pedro – um presépio integralmente esculpido em areia.
Qumran
No final dos anos 40, numa região chamada Qumran, perto do Mar Morto, um jovem pastor beduíno entrou numa caverna à procura de um animal e encontrou alguns jarros antigos com rolos de papel escritos.
Este achado levou à descoberta de outros fragmentos de rolos de papel em várias cavernas. Foram encontrados quase mil manuscritos em três idiomas – hebraico, aramaico (a língua falada por Jesus) e grego; todos eles escritos entre o século III Antes de Cristo e o ano 70 Depois de Cristo.
Estes manuscritos ficaram conhecidos como Manuscritos do Mar Morto e são uma verdadeira biblioteca. O conhecimento do universo religioso da Judeia do século I era muito limitado – com a descoberta em Qumran foi possível começar a compreender a mentalidade, as práticas e tradições dos primeiros cristãos, à luz do contexto histórico da época.
Reis Magos
A tradição fez deles “reis”; mas na Bíblia não se fala em “reis”, apenas em Magos. É o caso de Mateus que, no Evangelho, nos conta que uns Magos do Oriente seguiram uma estrela e, chegando ao lugar onde estava o Menino, ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra. Eram presentes muito ricos e, talvez por isso, os Magos tenham começado a ser chamados Reis.
As Escrituras também não dizem quantos Magos é que adoraram Jesus na noite em que nasceu, mas pelo número de presentes acredita-se que seriam ser três. Acredita-se também que os Magos eram de diferentes raças… até porque essa é uma das mensagens mais bonitas do Natal: um menino nasceu para unir todos os povos, num abraço de paz.
Sinos
Desde sempre, o dobrar e repicar dos sinos na torre das Igrejas é uma forma de anunciar grandes acontecimentos. Na Noite de Natal, as badaladas dos sinos anunciam a boa nova: “nasceu Jesus, o Salvador”!
Esta é uma mensagem que convida à alegria e à esperança e que desafia os cristãos de todo o mundo a partilhar a sua fé.
Testamento
O Natal é a história de Jesus – uma história que está contada na Bíblia, que é composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento.
No Antigo Testamento, os Profetas anunciam a chegada do Messias e contam a história do Seu povo, o povo de Israel.
Para os cristãos, o Messias prometido é Jesus e a vida d’ Ele é contada nos primeiros livros do Novo Testamento: os quatro Evangelhos escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João.
A palavra “evangelho”, na origem, em grego, quer dizer “boa nova”, “boa notícia”, e de facto no Natal cumpre-se a profecia de Isaías no Antigo Testamento: “um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, tem a soberania sobre os seus ombros e o seu nome é: Conselheiro-Admirável, Deus herói, Pai-Eterno, Príncipe da paz”.
União
Em família, entre amigos ou em nome de uma causa, a união faz a força. Nesta época especialmente somos todos convidados a dar as mãos para, juntos, fazermos a diferença na vida de alguém.
Este Natal o desafio é dar a jovens estudantes uma oportunidade para continuarem a estudar. São alunas de excelência… só que têm muitas dificuldades económicas e só podem continuar na escola se tiverem uma bolsa de estudos. É aqui que nós nos podemos unir e ajudar.
Saiba mais sobre a Campanha de Natal Worten Renascença em rr.sapo.pt.
Virgem Maria
A história de Maria conta-se nas páginas da Bíblia; mas os evangelistas referem-se pela primeira vez à mãe de Jesus em diferentes momentos.
Em Mateus, por exemplo, ela é logo mencionada na árvore genealógica de Jesus. Já Marcos refere Maria quando Jesus começou a pregar e todos julgavam que estava “fora de si”. Lucas apresenta-nos a Virgem quando recorda a Anunciação pelo Anjo Gabriel. E João quando relata o primeiro milagre de Jesus nas Bodas de Canã.
É difícil dizer qual destes momentos será o mais importante na história de Maria. O essencial é que foi através dela que Deus se fez homem: Maria, ao ser a mãe de Jesus, é também a mãe de Deus.
X de Cristo (em grego)
Esta noite celebramos o nascimento de um menino especial chamado Jesus Cristo. Mas “Cristo” não é o nome, nem o apelido de Jesus...
“Cristo” é uma palavra que significa o “ungido”, ou seja, o “escolhido por Deus”. Vem do grego “Khristós” que na origem, no alfabeto grego, se começa a escrever precisamente com a letra “X”.
Zelo
Na Noite de Natal, Maria e José velaram o menino acabado de nascer. Os Anjos do Céu, depois de anunciarem a boa nova aos pastores, cantaram com alegria e também adoraram o menino. O mesmo aconteceu com os Magos do Oriente, que seguiram a estrela até Belém.
Hoje, mais de dois mil anos depois, o desafio é que cada um de nós continue a olhar para o Menino Jesus com o mesmo zelo de todas estas personagens que estiveram na Gruta de Belém, no primeiro Natal.
[©RR]