Parabéns aos jovens
Sabemos receber. Isso é inegável. Não foi só o Papa que foi bem recebido. Isso ainda foi o mais fácil. Obra, obra foi terem sido tão bem recebidos todos os jovens que quiseram comparecer.
Receber dá trabalho. Dá trabalho preparar, prever, construir, antecipar. Dá trabalho policiar. Dá trabalho garantir a assistência médica, a segurança, a alimentação, o diabo a sete.
É um trabalho invisível e ingrato: quando nada de grave acontece, diz-se que não era caso para tanto polícia. Quando os campos e jardins aparecem limpos no dia seguinte, diz-se que os peregrinos foram impecáveis, que devem ter levado o lixo nas mochilas.
É preciso agradecer a todos os profissionais que, através de trabalho duro e anónimo, perdidos no meio de tanta gente a trabalhar, garantiram que tudo correu bem. Mas também é preciso agradecer aos peregrinos. Ouvimos dizer tanto mal dos jovens que é uma vergonha para nós verificar que os jovens afinal não são os carapaus ensimesmados que imaginávamos, presos nas malhas das redes sociais, a oscular o próprio ânus.
Não é só esperança no futuro que dão, embora também dêem isso em megatoneladas. É uma lição de paciência, de boa disposição e boa vontade, de abertura e de companheirismo, de idealismo e de adaptação.
Dito numa só palavra: foram uma lição de juventude. Os jovens católicos não se importam nada de ser gozados como caretas armados em santinhos. Se calhar, até têm pena de quem pensa assim e têm esperança de que um dia se possam juntar a eles. A alegria paga-se muito cara junto dos macambúzios. A esperança é particularmente fácil de ridicularizar pelos militantes do desespero, da descrença e da acédia.
A verdade é que é bom ser-se jovem, estar cheio de energia e de incertezas que ainda podem acabar bem.
É bom ter a vida pela frente e ter ainda muito tempo para arrepiar caminho, ou mudar de vida, ou não fazer nada. É boa a juventude. É pena é durar tão pouco. Mas é melhor do que nada. E difícil de esquecer.