1ª meditação do Retiro do papa: Abre o teu coração. Dá-me o que és.

Vaticano 19 fevereiro 2018  •  Tempo de Leitura: 3

O papa e os colaboradores da Cúria Romana, chegados na tarde deste domingo à Casa Divino Mestre em Ariccia, próximo do Vaticano, escutaram o pregador português P. José Tolentino Mendonça comentar a primeira parte do excerto do Evangelho segundo João dedicado ao encontro entre Jesus e a samaritana no poço de Jacob (4, 5-24).

 

Jesus que, sentado no poço, pede à samaritana «dá-me de beber», maravilha-nos, deixa-nos desarmados pelo espanto. Um judeu que fala com uma mulher da Samaria, habitada por dissidentes com os quais os judeus não estavam de acordo, surpreende-nos como Jesus que se dirige a nós para nos pedir: “Dá-me aquilo que tens. Abre o teu coração. Dá-me o que és”.

 

Na primeira meditação do retiro, dedicado ao tema “Elogio da sede”, o poeta e biblista sublinhou que o pedido de Jesus provoca em nós perplexidade e desconcerto, porque «somos nós aqueles que vão beber» do poço, e sabe-se que a sede é fadiga e necessidade. Jesus está cansado da viagem e está sentado junto ao poço. E no Evangelho aqueles que estão sentados para pedir são os mendigos. Também Jesus mendiga, o seu corpo «experimenta o cansaço dos dias: desgastado pelo cuidado amoroso pelos outros». Não é só o ser humano que é mendigo de Deus. «Também Deus é mendigo do ser humano.»

 

O P. Tolentino prosseguiu a introdução, intitulada «Aprendizes do espanto», assinalando que, com a sua debilidade, Jesus «veio procurar-nos». «No mais abissal e noturno da nossa fragilidade, sentimo-nos incluídos e procurados pela sede de Jesus». Que não é uma sede de água, é maior: «É sede de alcançar as nossas sedes, de entrar em contacto com as nossas feridas». Ele pede-nos: «“Dá-me de beber”. Dar-lhe-emos? Daremos o bem uns aos outros?», questionou.

 

Reconheçamo-nos chamados porque é Deus que toma a iniciativa de vir ao nosso encontro. «Por muito grande que seja o nosso desejo, ainda maior é o desejo de Deus.» E quando Jesus diz à mulher a verdade da sua vida, «isso não a humilha nem a paralisa. Pelo contrário, sente-se encontrada, visitada pela graça, libertada pela verdade do Senhor».

 

Sintamo-nos abraçados, concluiu o primeiro diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, porque «Deus sabe que nós estamos aqui». E nestes dias, «desaprendamos, para aprender essa graça que tornará possível a vida dentro de nós». No nosso íntimo digamos: «Senhor, estou aqui à espera de nada». Que é como quem diz: estou somente à tua espera, «à espera daquilo que Tu me dás».

 

A partir desta segunda-feira até sexta-feira os dias do papa e dos seus colaboradores abrem às 7h30 com a celebração da missa, seguida de uma primeira meditação, às 9h30. Pelas 16h00 decorre a segunda meditação (exceto no último dia), que precederá a oração litúrgica de Vésperas e a adoração eucarística.

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