No confessionário não há ameaças, só o perdão de Deus, lembra papa
Deus chama continuamente cada pessoa a mudar de vida, especialmente neste tempo de Quaresma, que «ajuda à conversão», e fá-lo com afeto, pelo que os padres que confessam quem procura o sacramento da Reconciliação devem ter a mesma atitude, sublinhou hoje o papa.
Cristo «não ameaça, mas chama com doçura, dando confiança», afirmou Francisco na missa a que presidiu, no Vaticano: «O Senhor diz: “Vem e discutamos. Falemos um pouco”. Não nos assusta».
«É um pouco como o pai do filho adolescente que fez uma partida e tem de o repreender. E sabe que se o faz com o bastão, a coisa não resultará bem, tem de entrar com confiança», acrescentou.
Baseando a homilia na primeira leitura bíblica proclamada nas missas desta terça-feira (Isaías 1, 10.16-20), Francisco prosseguiu a comparação com o pai do jovem para aprofundar a imagem de Deus terno e compassivo: «“Não tenhas medo, não quero bater-te”».
«Como [o pai] sabe que o filho pensa “fiz coisas más…”, diz-lhe logo: «Mesmo se os teus pecados fossem como escarlate, tornar-se-iam brancos como a neve. Se fossem vermelhos como a púrpura, ficariam como a lã», apontou o papa, citando o trecho do profeta.
Foram três as palavras-chave na intervenção de Francisco - «confiança», «perdão», «mudar o coração»: «Agradeçamos ao Senhor pela sua bondade. Ele não quer bater-nos e condenar-nos. Deu a sua vida por nós e esta é a sua bondade. E procura sempre a maneira de chegar ao coração».
«E quando nós, sacerdotes, no lugar do Senhor, ouvimos as conversões, também nós devemos ter esta atitude de bondade, como diz o Senhor: “Vem, discutamos, não há problema, o perdão existe”, e não a ameaça, desde o início», frisou.
A concluir, Francisco assinalou: «A mim ajuda-me ver esta atitude do Senhor: o pai com o filho que se crê grande, que se crê crescido e ainda está a meio do caminho».
«O Senhor sabe que todos nós estamos a meio do caminho e muitas vezes precisamos disto, de ouvir esta palavra: “Vem, não te assustes, vem. O perdão existe”. E isto encoraja-nos. Ir ao Senhor com o coração aberto: é o Pai que nos espera», declarou.