Papa lastima que se chame «mãe» a uma bomba
O papa deplorou hoje, no Vaticano, que se tenha chamado «mãe» àquela que é considerada a maior bomba não nuclear do mundo, lançada em abril pelos EUA no Afeganistão para destruir túneis alegadamente pertencentes ao Estado Islâmico.
«Eu envergonhei-me do nome de uma bomba: "A mãe de todas as bombas". Mas vê, a mamã dá vida! E esta dá morte! E chamamos "mamã" àquele aparelho? O que é que está a acontecer?», questionou Francisco, citado pela Rádio Vaticano.
Falando a estudantes que participam num encontro pela paz e direitos humanos, Francisco declarou que se está a viver «a maior tragédia após a II Guerra Mundial», mesmo que haja «gente boa» e «coisas boas no mundo que não se veeem».
«Dizei vós a palavra, que sois a escola da paz; dizei: "o mundo está em guerra"», e «não importa» que o alvo do bombardeamento seja «um hospital, uma escola» ou que haja doentes, crianças».
Depois de voltar a lamentar a existência de negociantes que vendem armas a quem está em guerra, lucrando com a morte alheia, Francisco denunciou o trabalho realizado à margem da Segurança Social.
«"Padre, isso acontecerá lá, naquele continente longínquo ou naquele país longínquo". Aqui! Aqui, na Europa! Aqui! Aqui, na Itália! Aqui! Exploram-se as pessoas quando são pagas debaixo da mesa, quanto te fazem o contrato de trabalho de setembro a maio, depois ficas dois meses sem trabalhar, e assim não há continuidade, e depois recomeças em setembro. Isto chama-se destruição, isto chama-se - nós, católicos, chamamo-lo pecado mortal - exploração», frisou.
A intervenção mencionou o «terrorismo» dos mexericos, encorajou os estudantes a «morder a língua» antes de falar mal de outros e referiu-se à violência nos insultos, que ocorre inclusive nos debates políticos, atitude a que é preciso contrapor a brandura.
«Ser mansos, ter uma atitude de mansidão, não significa ser estúpidos; significa dizer as coisas em paz, com tranquilidade, sem ferir, procurar o modo de o dizer que não fira. A mansidão é uma das virtudes que devemos reaprender, reencontrar na nossa vida. E por isso ajuda muito, nas nossas conversas, não adjetivar as pessoas. Não: deixemos estar. Sempre com mansidão. Sempre com aquela atitude mansa que é contra a violência», afirmou.
Sobre as alterações climáticas, o papa advertiu para o risco de serem proferidas muitas palavras mas haver pouco compromisso, especialmente após a Conferência do Clima, realizada em dezembro de 2015, em Paris: «Estamos a destruir o presente mais precioso que Deus nos deu: a Criação».