O papa recebeu, no Vaticano, Bono Vox, vocalista da banda de rock irlandesa U2, que pretendeu manifestar o seu apoio à missão educativa da Fundação Scholas Occurentes, criada em 2001 por Francisco, quando era arcebispo de Buenos Aires.

«Falámos da situação da Igreja na Irlanda», afirmou o compositor na conferência de imprensa que se seguiu à audiência privada, referindo-se aos abusos sexuais sobre menores por parte de membros da Igreja católica.

«Disse-lhe que tive a sensação de que os abusadores foram mais protegidos do que os abusados. Vi a dor no seu rosto, julgo que é sincera», acrescentou Bono, citado pelo jornal italiano Avvenire.

Na reunião foi também debatido o «futuro do comércio e de como promover um desenvolvimento sustentável», explicou o compositor, que citou a encíclica "Laudato si'", tendo qualificado de «muito inovadora» a perspetiva de Francisco revelada nesse documento.

«Discutimos [a conjuntura] micro e macro, as mudanças que têm de ocorrer a nível local e de como temos de rever a besta selvagem que é o capitalismo, que não é imoral mas amoral, e requer o nosso empenho», frisou.

«Penso que o papa Francisco é um homem extraordinário para tempos extraordinários», sublinhou o cantor, que passou com a sua banda por Lisboa, para dois concertos, neste domingo e segunda feira.

A Fundação Scholas Occurentes, hoje de direito pontifício, é uma rede mundial de escolas que partilham os seus bens, tendo especial atenção às crianças e jovens com menores recursos.