Regina Coeli: «Cada dia deve aprender-se a arte de amar»

Vaticano 22 maio 2017  •  Tempo de Leitura: 5

O papa lamentou hoje a fuga de pessoas das paróquias devido a maus exemplos da comunidade cristã, sublinhou que o amor exige prática diária e anunciou que vai criar cinco cardeais de quatro continentes: Laos (o primeiro do país), Suécia (também o primeiro após a Reforma luterana), Mali, El Salvador e Espanha.

«Mesmo para um cristão saber amar nunca é um dado adquirido de uma vez por todas; cada dia tem de se recomeçar, tem de se exercitar para que o nosso amor para os irmãos e as irmãs que encontramos se torne maduro e purificado dos limites ou pecados que o tornam parcial, egoísta, estéril e infiel», afirmou.

As palavras de Francisco foram proferidas aos peregrinos presentes na Praça de S. Pedro, no Vaticano, antes da oração "Regina Coeli" (Rainha do Céu), que entre a Páscoa e o Pentecostes substitui a oração do "Angelus".

«Cada dia deve aprender-se a arte de amar. Ouvi isto: cada dia deve aprender-se a arte de amar, cada dia deve seguir-se com paciência a escola de Cristo», sublinhou.

Para Francisco, «se há uma atitude que nunca é fácil, nunca é automática, mesmo para uma comunidade cristã, é precisamente a de saber amar, de querer bem», e por isso, «às vezes, as divergências, o orgulho, as invejas, as divisões deixam marca também no belo rosto da Igreja».

«E quem paga são as pessoas espiritualmente mais frágeis. Quantas delas - e vós conheceis algumas -, quantas delas se afastaram porque não se sentiram acolhidas, não se sentiram compreendidas, não se sentiram amadas»,

Francisco evocou igualmente as pessoas que se distanciaram de paróquias devido «ao ambiente de mexericos, de ciúmes, de invejas» que nela encontraram.

 

Novos cardeais

Após a oração, o papa revelou que a 28 de junho ocorrerá um consistório para a nomeação de cinco cardeais: «A sua proveniência de várias partes do mundo manifesta a catolicidade da Igreja espalhada em toda a Terra», assinalou.

«A atribuição de um título ou de uma diaconia na urbe [Roma] exprime a pertença dos cardeais à diocese de Roma que, segundo a conhecida expressão de Santo Inácio [de Antioquia], preside à caridade de todas as Igrejas», explicou o papa, adiantando que os novos cardeais concelebrarão a missa com ele a 29 de junho, solenidade de S. Pedro e S. Paulo, figuras angulares da Igreja.

Os prelados nomeados são D. Jean Zerbo (arcebispo de Bamako, Mali), D. Juan Omella (arcebispo de Barcelona, Espanha), D. Anders Arborelius (bispo de Estocolmo, Suécia), D. Luis Marie-Ling Mangkhanekhoun (vigário apostólico de Paksé, Laos), D. Gregorio Chávez (bispo auxiliar de S. Salvador, El Salvador).

D. Anders Arborelius, carmelita, convertido ao catolicismo, é o primeiro cardeal católico sueco desde o início da Reforma, tendo acolhido o papa aquando da sua viagem a Lund, em 2016, no contexto da comemoração ecuménica conjunta luterano-católica pelos 500 anos da Reforma.

D. Gregorio Chávez é considerado um dos mais próximos colaboradores de D. Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, assassinado em 1980 e beatificado em 2015; trata-se de uma nomeação especial tendo em conta que pela primeira vez na história da Igreja um bispo auxiliar será nomeado cardeal, enquanto que o titular da arquidiocese permanecerá arcebispo.

D. Jean Zerbo promoveu as negociações de paz no Mali, sendo altamente considerado no país, D. Louis Mangkhanekhoun é o primeiro cardeal na história da Igreja no país e D. Juan Omella foi missionário no Zaire.

 

Proximidade com a China

Antes do anúncio do consistório, Francisco apelou à paz na República Centro-Africana e marcou 24 de maio na agenda dos católicos, por ocasião na festa da Virgem Maria "Ajuda dos Cristãos", venerada no santuário de Sheshan, em Shangai, para um dia de união espiritual aos fiéis na China.

«Aos católicos chineses digo: ergamos o olhar a Maria nossa Mãe, para que nos ajude a discernir a vontade de Deus sobre o caminho concreto da Igreja na China e nos sustente em acolher com generosidade o seu projeto de amor. Maria encoraja-nos a oferecer o nosso contributo pessoal para a comunhão entre os crentes e para a harmonia de toda a sociedade. Não esqueçamos de testemunhar a fé com a oração e com o amor, mantendo-nos abertos ao encontro e ao diálogo, sempre», apontou.

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