Este verão começa uma história de amor

Vaticano 2 agosto 2021  •  Tempo de Leitura: 4

«Viver uma história de amor», que pode começar hoje mesmo, primeiro dia de agosto, um amor no verão mas não "de verão", daqueles que se usam e esquecem, como o de quem procura Deus para «uso e consumo» próprio, «para resolver os problemas, para ter graças a Ele aquilo que a sós não consegue obter».

 

A narrativa do Evangelho proclamado nas missas de hoje, em que Jesus se declara «pão da vida» (João 6, 24-35), inspirou as palavras que o papa Francisco pronunciou antes da oração do Angelus, recitada do palácio apostólico para a praça de S. Pedro, no Vaticano.

 

«O Evangelho ensina-nos que não basta procurar Deus, é preciso também perguntar-se o motivo pelo qual é procurado», afirmou Francisco, que alertou para uma fé que «permanece superficial e baseada no milagre», à semelhança da multidão que procurava Jesus com provável fito de ver repetido o milagre da transformação dos cinco pães e dois peixes em alimento para milhares: «Buscamos Deus para tirar a fome e depois esquecemo-nos dele quando estamos saciados».

 

Para Francisco, o «centro desta fé imatura» não é Deus: «É certo apresentar ao coração de Deus as nossas necessidades, mas o Senhor, que age muito para além das nossas expetativas, deseja viver connosco antes de tudo uma relação de amor. E o amor verdadeiro é desinteressado, é gratuito: não se ama para receber um favor em troca».

 

Como é que se pode «passar de uma fé mágica, que pensa somente nas suas necessidades, à fé que agrada a Deus?»: «Não é acrescentar práticas religiosas ou observar preceitos especiais; é acolher Jesus na vida, viver uma história de amor com Ele. Será Ele a purificar a nossa fé. Sozinhos não somos capazes. Mas o Senhor deseja connosco uma relação de amor: antes das coisas que recebemos e fazemos, está Ele para amar».

 

A relação com Deus «vai além das lógicas do interesse e do cálculo», e a mesma disposição aplica-se também nas relações humanas e sociais: «Quando buscamos sobretudo a satisfação das nossas necessidades, arriscamo-nos a usar as pessoas e instrumentalizar as situações para os nossos propósitos».

 

«Uma sociedade que coloca no centro os interesses em vez das pessoas é uma sociedade que não gera vida. O convite do Evangelho é este: em vez de se estar preocupado apenas com o pão material que nos mata a fome, acolhamos Jesus como o pão da vida e, a partir da nossa amizade com Ele, aprendamos a amar-nos entre nós. Com gratuidade e sem cálculos, sem usar as pessoas», apontou.

 

Após a oração que lembra a anunciação do anjo a Maria, Francisco desejou um «mês de agosto sereno» e pediu orações por ele.

 

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