Evangelho anuncia-se com humildade, e não com poder, sublinha papa
O papa frisou hoje, no Vaticano, que o Evangelho deve ser testemunhado à imagem daquele que se anuncia, o que requer despojamento e renúncia ao poder e ao desejo de notoriedade e promoção.
«O Evangelho deve ser anunciado com humildade, porque o Filho de Deus se humilhou e aniquilou. O estilo de Deus é este», afirmou Francisco, acrescentando que a proclamação da mensagem cristã «não é um carnaval, uma festa», refere a Rádio Vaticano.
Perante os cardeais que compõem o seu grupo próximo de aconselhamento, com quem está reunido desde ontem até amanhã, o papa salientou que «o Evangelho é proclamado sempre a caminho, nunca sentados».
«Seja em caminho físico, seja em caminho espiritual, seja em caminho do sofrimento: pensemos no anúncio do Evangelho feito por tantos doentes, tantos doentes, que oferecem as dores pela Igreja, pelos cristãos. Mas saem sempre de si mesmos», assinalou.
A Igreja tem de «sair para onde Jesus não é conhecido ou para onde é perseguido ou para onde Jesus é desfigurado», apontou Francisco, acrescentando que é no «sair para anunciar» que se joga «a vida do pregador».
Quem anuncia a mensagem cristã «não está seguro, não há seguranças na vida para os pregadores», pelo que se alguém «procura uma segurança na vida, não é um verdadeiro pregador do Evangelho».
O anúncio evangélico não pode ser concretizado «com o poder humano» nem com o propósito de querer «subir» na hierarquia ou na consideração dentro da Igreja, porque se assim é, isso «não é o Evangelho».
«Porque é que é necessária esta humildade? Precisamente porque nós levamos por diante um anúncio de humilhação, de glória - mas através da humilhação», e por isso é fundamental resistir à «tentação do poder, à tentação da soberba, à tentação da mundanidade, a muitas mundanidades que existem», afirmou.
Depois de acentuar que «na verdadeira pregação há sempre alguma coisa de tentação e de perseguição», a que é preciso resistir com vigilância constante, Francisco pediu a Deus a graça de os batizados assumirem a evangelização «com humildade, com confiança nele próprio, anunciando o verdadeiro Evangelho: "O Verbo veio em carne"».
«Esta é uma loucura, é um escândalo; mas fazê-lo na consciência de que o Senhor está junto de nós, age connosco e confirma o nosso trabalho», concluiu o papa na missa que assinala a festa litúrgica do evangelista S. Marcos, celebrada a 25 de abril.