Ler para ver!
Muito se fala e comenta sobre a relação que os mais novos têm e terão com a leitura. As opiniões poderão dividir-se. Pode haver quem julgue que os jovens não estão a ler o suficiente ou não estão a dedicar-se a leitura de qualidade. Tantas vezes submersos num mundo cada vez mais tecnológico, que recursos literários sobram aos mais novos? Saberão encontrar o livro que lhes vai mudar a vida mesmo estando mergulhados em teclas e teclados?
Quero acreditar que sim. Quero convencer-me que os mais novos ainda têm os olhos acordados e suficientemente despertos para a leitura e para os livros. Claro que esse estado de maior alerta para a leitura também é influenciado pelo grupo de adultos que partilha a vida com a criança ou com o jovem. Pais, avós, outros familiares, professores e educadores assumirão um papel relevantíssimo no processo que envolve o contacto dos mais novos com os livros e os mundos que estes têm dentro. Cabe-nos a nós a responsabilidade de educar para ler e para ver. Na verdade, quem tem a
oportunidade de viver a sua vida a par com a vida de um livro poderá ser profundamente mais feliz. Dentro de um livro cabem histórias e fotografias imaginadas. Dentro de um livro há ferramentas para aprender a ver melhor tudo o que há no mundo.
Então, em termos práticos, como é que se convence uma criança a ler um livro? Como é que se compete com o embate visual e interativo da tecnologia? É fácil. Se pensarmos bem, é bastante fácil. Um livro conquista uma criança pelo impacto que a história pode ter nela. Assim, basta-nos contar-lhe uma história. Encher a boca e o coração da magia que têm as palavras que moram dentro de um livro e de uma história. Abrir os braços e os olhos e deixar-se ser também criança. Contar uma história. Tão simples assim. Quem ouve uma história, vai querer ouvir mais. Depois, vai querer ler e procurar outras histórias. Depois, vai compreender que o que se descobre dentro de um livro não poderá nunca descobrir-se em mais lugar nenhum.
Em conclusão, não valerá a pena declarar guerra às novas tecnologias nem tão pouco considerá-las uma desvantagem em comparação com a simplicidade das páginas de um livro. O mais prudente será, provavelmente, aliar a inovação do mundo de hoje à cultura e, neste caso, à leitura. As aventuras que saltam de dentro das páginas de um livro são insubstituíveis. O carrossel em que se entra quando se vive a par com uma história pode mudar, para sempre, a forma como cada um percebe e vê o mundo.
[©Semnário Ecclesia]