Elogio da paciência
O tempo urge! É uma sucessão de dias, de horas, minutos e segundos. E os anos passam.
Ocupamos agendas com afazeres e os buracos das agendas com encontros apressados.
Porém, são esses, em verdade, os que poderiam acrescentar mais sabor à nossa vida.
O coração bate. E o seu ritmo quanto vezes é desconhecido por nós até que a vida nos surpreenda e nos obriga a escutá-lo.
As mensagens caem e os e-mails também e ficamos com a sensação vertiginosa de que sempre estamos atrasados na resposta.
Passamos o semáforo amarelo ou – quem sabe – o vermelho, pois essa pode ser a derradeira oportunidade de economizarmos uns minutos e cumprirmos horários.
Retiramos a senha para sermos atendidos e partimos do pré-suposto que somos as únicas pessoas a dirigir-nos àquele serviço específico naquele dia.
Ingerimos alimentos pré-cozinhados, pré-lavados, pré-descascados. A vida converteu-se numa correria e não a deixamos apurar.
Paramos em filas e não nos sentimos desafiados a romper as correntes do anonimato e do isolamento e iniciar uma conversa salutar com quem está atrás ou à nossa frente. Ou até ao lado.
Ao olhar para a sequência das estações do ano, na sua originalidade e pureza; ao olhar para o ciclo de vida de uma planta, aí percebemos que tudo precisa de tempo para maturar. E o tempo reclama paciência. Essa virtude esquecida, cozinhada meio à pressa, pouco convocada para as nossas escolhas, decisões, e ações no dia a dia.
Convidar-me à paciência não é uma extravagância. É uma exigência!
Pois esta conhece bem os ritmos e os tempos da vida.
Sim, essa mesma que eu e tu queremos em abundância. Com sabor e com sentido. Apurada!