Elogio da contemplação
Paro.
Ao som das ondas do mar a bater na areia acalmo o pensamento.
E escuto o silêncio.
O dia é de nevoeiro e tudo em volta se propicia a ver para além do olhar.
Sente-se, ainda assim, o calor do sol que cumpre a sua missão.
E uma brisa suave.
E o murmúrio das vozes que teimam em deixar sair palavras que não tiram férias.
O tempo, esse é infinito e ainda assim teimamos em dissecá-lo,
iludidos que andamos de que isso nos ajuda a organizar uma agenda anual onde colocamos intervalos para sair da rotina.
Essa, pode sufocar-nos, atarefados como estamos em manter um ritmo de vida que muitas vezes é mais de sobrevivência do que de sentido.
Por isto, os tempos de férias deveriam ser mais do que dias contemplados num contracto laboral ou num qualquer calendário escolar.
São estes essenciais para o encontro com a nossa verdade mais profunda,
para a coragem de arrumar a tralha interior,
para renovar a promessa que fizemos a nós mesmos na raiz dos nossos sonhos,
para renovar laços que nos unem uns aos outros e que validam e alimentam a nossa humanidade divina.
Em verdade, a via da contemplação será sempre aquela que nos ajudará a entender que nos encontramos sedentos de inteireza mesmo no meio dos nevoeiros da vida.
E é esta que nos oferece a possibilidade de parar, convocando os ponteiros do relógio a conceder-nos a possibilidade de nos sentirmos maravilhados e agradecidos pelo dom imenso que é a vida.