Elogio da graça divina

Crónicas 19 março 2020  •  Tempo de Leitura: 1

Levamos um murro no estômago e estamos há dias a gemer de dores…ou não…

Distraídos que andávamos, ocupados em preencher todos os buracos das nossas agendas,

que tínhamos a pré-ocupação de adquirir antes do ano civil começar,

fomos apanhados na curva pela vida que nos convidou a olhar o essencial.

 

Talvez por estes dias, entre o desânimo e a incerteza, o medo e a desconfiança, o pânico, a confusão e o drama, tenhamos também redescoberto a beleza da proximidade e o significado de comunidade.

É que a realidade acontece antes dos conceitos existirem.

 

As agendas faziam-nos deter nos conceitos e menos na realidade;

As agendas faziam-nos deter no preenchimento e menos nos detalhes;

As agendas traziam-nos a respiração esbaforida e menos a calma da contemplação;

As agendas, meticulosamente organizadas – essas senhoras – vieram dizer-nos que podemos passar muito bem sem elas. E viver! Simplesmente viver!

 

A vida não é o destino.

A vida é esse dom maravilhoso onde somos convidados cada dia a olhar aquilo que é único em nós, à nossa volta e no mundo. No universo!

A vida é também o lugar onde podemos permanentemente agradecer as infinitas bênçãos que recebemos.  

E é também o lugar da graça divina.

 

Essa, que José, o carpinteiro, de quem fazemos memória neste dia, soube entender, acolher e viver.

E será essa o essencial!?

 

Cristina Duarte

Cronista

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