Ninguém nasce para todas as batalhas

Crónicas 28 maio 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Com muita facilidade estramos no espaço da desconversa e,

como as conversas são como as cerejas,

quando já damos conta perdemos o tema inicial.

E o fio à meada.

 

Não raras vezes vemo-nos a mexer no botão do “altímetro”, ou seja,

no botão do que fala mais alto, como que a convencer-nos a nós próprios que o facto de elevarmos a voz ganhamos em autoridade e em razão.

Tecemos comentários sobre tudo e sobre todos e, também com muita facilidade deixamos de atender à gestão das nossas emoções e dar-lhes o lugar que elas precisam e merecem.

Quando estas comandam a nossa vida, pode não ser um bom indicador, pois, em rigor, a capacidade de autodomínio e de autoregulação poderá crescer sintonizada com a nossa idade. Mas nem sempre é assim.

 

Quando os sinos da busca da razão tocam mais alto que os sinos da busca de paz é um indicador que temos de parar.

Ainda que com toda a capacidade de argumentação que nos possa assistir, e todas as referências históricas e bibliográficas que possam confirmar a nossa posição, a busca de apaziguamento é um princípio da maturidade.  E de equilíbrio.

 

No diálogo aberto e franco entre duas pessoas são os corações que são chamados a sintonizar.

E, quando estes sintonizam, há cedências.

É nestas que podemos encontrar paz, quando livremente e conscientemente aceites e integradas em nós.

 

Ninguém nasce para viver permanentemente em batalhas, sejam as nossas interiores, sejam com os nossos mais próximos.

A certeza disto é que a nossa matéria foi sonhada no e para o Paraíso!

Que vivamos e descansemos em paz: já e aqui!

Cristina Duarte

Cronista

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