Do tempo que nos pede respiro
Num tempo que nos pede respiro - curiosamente quando a doença que assola este momento histórico afecta a respiração – assim como precisamos de alento para não banalizarmos a vida assim como para não banalizarmos a morte.
Cada pessoa que vive importa, assim como cada pessoa que parte.
Os momentos de catástrofes na história do mundo e das culturas dizem-nos que nestes tempos quase não há tempo para chorar. E para chorar os (nossos) mortos. Para lidar com o processo da morte e do morrer.
A morte, sendo uma certeza é também inevitável. E é por isso que também ela, tal como a vida, deverá ser preparada. Esta preparação pede-nos um diálogo interior connosco, com os nossos. Com ela.
Os tempos de hoje pedem-nos este respiro para lidar e conversar com a morte, porque está perto de tantos e de forma mais evidente.
Precisamos de respiro para este diálogo. Precisamos de a enfrentar e confrontar, pois também assim a vida ganhará um sentido: aquele de que toda a entrega, toda a pequena ou grande acção (como somos céleres a catalogar!), vale a pena.
Precisamos de tempo para nos despedirmos e chorarmos a quem ela leva...rápido…ou de mansinho. E não termos medo deste diálogo honesto. Assim como precisamos de tempo para acolher o que ela traz: quantas transformações interiores se dão após a perca de uma pessoa significativa na nossa vida.
Não seria bom se também asfixiássemos os lutos da luta que este tempo nos está a pedir. Precisamos de respiro alimentado pela esperança de que a Vida sempre vencerá!