Do tempo que nos pede respiro

Crónicas 12 novembro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Num tempo que nos pede respiro - curiosamente quando a doença que assola este momento histórico afecta a respiração – assim como precisamos de alento para não banalizarmos a vida assim como para não banalizarmos a morte.

 

Cada pessoa que vive importa, assim como cada pessoa que parte.

 

Os momentos de catástrofes na história do mundo e das culturas dizem-nos que nestes tempos quase não há tempo para chorar. E para chorar os (nossos) mortos. Para lidar com o processo da morte e do morrer.

 

A morte, sendo uma certeza é também inevitável. E é por isso que também ela, tal como a vida, deverá ser preparada. Esta preparação pede-nos um diálogo interior connosco, com os nossos. Com ela.

 

Os tempos de hoje pedem-nos este respiro para lidar e conversar com a morte, porque está perto de tantos e de forma mais evidente.

 

Precisamos de respiro para este diálogo. Precisamos de a enfrentar e confrontar, pois também assim a vida ganhará um sentido: aquele de que toda a entrega, toda a pequena ou grande acção (como somos céleres a catalogar!), vale a pena.

 

Precisamos de tempo para nos despedirmos e chorarmos a quem ela leva...rápido…ou de mansinho. E não termos medo deste diálogo honesto. Assim como precisamos de tempo para acolher o que ela traz: quantas transformações interiores se dão após a perca de uma pessoa significativa na nossa vida.

 

Não seria bom se também asfixiássemos os lutos da luta que este tempo nos está a pedir. Precisamos de respiro alimentado pela esperança de que a Vida sempre vencerá!

Cristina Duarte

Cronista

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