Precisamos uns dos outros
Somos seres criados para a comunhão., para a cooperação.
Esta gera frutos bem mais saborosos do que qualquer investimento colocado na competição.
A nossa interdependência é maior do que aquilo que pensamos ou mesmo que desejamos.
Somos seres cuja vida depende de alguém que decidiu carregar-nos nove meses, e outros muitos mais decidiu, no amor, alimentar-nos, vestir-nos, dar-nos os medicamentos necessários, junto com o afecto que nos tornou o que somos hoje.
O nosso Povo diz que “uma mão dá o pão e outra a criação”. Assim é.
Não se trata sequer de ficarmos dependentes a vida toda em dimensões da nossa existência, mas da necessidade de criarmos consciência de que a auto-suficiência fecha-nos em nós mesmos, leva-nos a criar mofo interior e de que esta só nos isola e cria imagens falsas de nós próprios.
É para a comunhão que fomos criados.
Para a co-criação.
O trigo que é pousado sobre a nossa mesa foi algures semeado, colhido, triturado, misturado com água e sal, levedado, colocado no forno… e chegou até nós. Quantas mãos tocaram uns simples grãos de trigo até que ele se fizesse vida em nós!
Uma mão precisa da outra para lavar o rosto, pois uma sozinha torna-se num esforço medonho; uma perna a suportar o peso do corpo cansa-se mais rápido do que se forem as duas a valer-se em conjunto.
A comunhão é o ponto de partida e o ponto de chegada da nossa existência.
Um ser não anula o outro mas antes o pode complementar.
Não sabemos tudo e o que sabemos é tão pouco; o mesmo acontecimento, quando observado por diferentes pessoas, pode oferecer-nos uma leitura mais ampla da realidade; a contemplação do mesmo pôr-do-sol oferece perspectivas diferentes da grandeza da criação.
Precisamos uns dos outros. E isso traz-nos a responsabilidade de criarmos disponibilidade em nós e a certeza de que a vida vale mais sendo em comunhão!
E isso só pode ser bom.