Sucesso, morte e paz
Muitas vezes medimos as nossas ações e o sucesso das mesmas pela quantidade da plateia, pelo lugar nos rankings, pelo número de likes, pelos telefonemas recebidos, pela agenda preenchida, pelo estrondo das palmas, por dias que se sucedem e se vivem de forma vertiginosa em que desfolhamos o calendário e vemos o tempo passar sem respiro para a alma e em que o hálito nos cheira a cansaço e a desgaste numa corrida (in)constante. O sucesso nos nossos dias tornou-se um indicador de que a vida nos corre bem.
Mas quais os indicadores na minha vida para medir o sucesso?
Entendo que o sucesso está mais nas mortes vividas da semente que silenciosamente se deixa esmagar e faz gerar nova vida (Mt 13, 8). Mortes sucessivamente vividas, vidas sucessivamente entregues no campo do mundo onde a seara já loureja mas onde os frutos são fruto da morte de um pequeno insignificante e grandioso grão que se entrega. As sementes têm essa capacidade genuína de se deixarem aniquilar, silenciosamente, e fazer renascer novas plantas, flores e frutos. E é nesse silêncio do fundo da terra que qualquer semente encontra a paz. Uma paz que é fruto da entrega. Pois o sucesso é a entrega genuína, pura e desinteressada de qualquer semente, que podes ser tu ou eu, que se deixa germinar em frutos de paz. E só por aqui se entende o sucesso que torna o ar e o mundo mais respirável num hálito e hábito de paz.