Valorizamos o que realmente importa?
Ultimamente tenho-me debruçado bastante sobre esta questão: valorizamos o que realmente importa? Num mundo virado do avesso, será que os valores se inverteram também? Se pensarmos nos processos de recrutamento que enfrentamos quando procuramos um novo emprego, deparamo-nos com situações que nos fazem questionar. Será que uma pessoa que está agora a ingressar no mundo do trabalho tem menos valor do que aquela que já está no ativo há alguns anos? Será que as habilitações literárias que inicialmente são escassas se devem tornar excessivas com o decorrer do caminho? Será que as médias são mais importantes do que a vocação?
Estas são algumas das questões que me fazem pensar quando vejo processos de recrutamento com os valores alterados ou jovens que emigram porque cá são menos e lá fora são mais. E pergunto ainda se seremos nós, os que concorrem, que somos insuficientemente bons, ou serão os recrutadores que valorizam o menos importante, deixando o mais importante por avaliar?
Se pensar em Jesus, o recrutamento dele era muito simples. Escolhia aqueles que tinham sede de mais, aqueles que eram descartados por todos os outros e aqueles que tinham a vocação, mas não as médias. Jesus escolhia a personalidade, os valores. Escolhia ver para além do que todos veem. Jesus escolhia a pessoa e não os seus canudos. Jesus valorizava as pessoas e mostrava-lhes que os aspetos mais importantes dos seus currículos eram a sua personalidade e os seus dons.
Será que, na nossa vida, recrutamos as pessoas erradas para que nela permaneçam? Deixaremos de lado pessoas recheadas de cor, para caminhar com quem apaga a nossa própria cor? Está na hora de nos descobrirmos, para depois percebermos de verdade quem é que devemos recrutar para o nosso caminho. Está na hora de valorizarmos o que realmente importa: o amor, os dons e a alegria de sermos testemunhas da fé. Porque quando colocamos amor em tudo o que fazemos, o resultado é sempre bom!