Frágil
A força está na capacidade de nos aceitar-nos e permitirmos ser frágeis. Já perdi a conta às pessoas que dizem ser necessária muita força e coragem para ir em missão. Em todas essas vezes recordo-me de Jesus na cruz frágil, tão fraco e tão débil. A nossa força e a nossa coragem não se mede com braços de ferro, mede-se em abraços ao coração e carícias à alma. A força de um cristão mede-se na sua capacidade de se permitir ser frágil.
É fácil querer ser e parecer super herói, omnipotente e com super poderes. Por vezes penso que Deus podia vir aqui e salvar-nos a todos livrar-nos de todas as dores, de todos os males. Deus podia ser o Deus da força, da coragem e vir salvar-nos mostrando-nos todo o seu poder e magnificência. Mas Deus é Amor. Deus entregou-nos o seu filho fazendo d’Ele o primeiro missionário ao encarnar. Deus conhece-nos e ama-nos desde as entranhas, desde o que escondemos até de nós próprios.
Deus fez-se um de nós. Deus fez-se homem. Deus ama-me tanto que morreu por mim. Deus morreu por ti.
Em mim ainda ecoam na memória as palavras de D. António Couto: “Ser missionário é saber que houve um dia um homem, Jesus Cristo, que morreu por ti”. Por quem temos nós tão grande amor que seriamos capaz de oferecer a nossa vida? Pelos pais? Pelos irmãos? Filhos? Maridos? Deus fê-lo por cada um de nós. Tal é o amor que nos tem. Deus ama-nos. A todos.
Quantas vezes olho o mundo e as pessoas e percebo que tudo o que falta é Deus. Tudo o que falta é o Seu Amor. O que falta às pessoas é saber que há no mundo alguém que as ama tanto que morreu por elas, caminha com elas, está com elas. E é desse Amor e por esse Amor que sou missionária. Todos somos chamados a ser os braços de Deus anunciando a sua mensagem de amor.
Só o conseguimos se fomos frágeis, se formos varro. Só sendo varro é que podemos ser tocados por Deus, ser tocados pelo mundo e ser tocados pelas pessoas. A força do Amor é a sua capacidade de ser tão frágil quanto o varro, tão frágil que pode ser tocado pelas outras pessoas. Amar e entregar-nos a Deus é uma caminhada. E caminhar, seguir em frente, é um constante ato de desequilíbrio. Sem desequilíbrios não avançamos tal como sem fragilidades não amamos.