Nadas que são tudo

Crónicas 19 fevereiro 2024  •  Tempo de Leitura: 1

Metro de Lisboa.

 

Chego, no meio das pessoas que passam, apressadas, na correria do dia, da vida. Do coração. Olho à minha volta. Há pessoas que conversam. Outras, sozinhas, apenas esperam.

 

À minha frente, alguém, de costas para mim, vai limpando o rosto. Há lágrimas que teimam em aparecer sem escolher quando nem onde. Ela, sozinha, enquanto espera (ou desespera), vai limpando as lágrimas que teimam em cair.

 

O metro chega. Entramos as duas. Eu fico junto à porta, ela procura um lugar mais isolado. Talvez só precise de um abrigo. Há silêncio. Pessoas que quase não se olham. Não se vêem. Não escutam o pedido de um abraço dos corações que, muitas vezes, têm ao seu lado. Precisamos tanto de reparar, não precisamos?

 

A viagem chega ao fim. Ela aproxima-se de mim para sair. Saímos as duas e, enquanto saímos, eu estendo-lhe um post-it. Ela hesita, durante instantes, e aceita-o.

 

"O teu sorriso é a melhor parte do dia de alguém", lê. Ela, de olhos brilhantes, solta um ligeiro sorriso. Eu sorrio-lhe de volta e sigo o meu caminho, de coração abraçado.

 

Às vezes, um ligeiro sorriso de um coração que dói, salva o nosso dia também.

 

É isto: a vida torna-se bonita pelo amor que se vai deixando pelo caminho. E encontrando também.

 

Pode até nem parecer nada. Mas, às vezes, pode ser tanto. Pode ser tudo. Para alguém. E para nós também.

Nasceu em 1989. Acredita que um abraço é a melhor forma do amor e que o amor muda o mundo. Que um pedacinho de amor, mesmo o mais pequenino, muda o mundo. E é isto que a faz escrever.

Pertence à "Mover Mundos", uma Associação que abraça o Movimento Missionário da Ramada: acreditam que, através do Amor, movem mundos.

É a autora do "Tatuar Sorrisos", um projecto simples de “tatuar sorrisos no dia de alguém, na vida de alguém, no coração de alguém”, através de pedacinhos de amor escritos em post-its, deixados por aí.

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