Os dias tornam-se gradualmente mais longos e solarengos. E, apesar de ainda não ser tempo de plantar, podemos ir escolhendo as sementes.
Interessante pensar nos ciclos da natureza e associá-los à nossa vida.
Talvez este caminho de reflexão me leve a questionar, à priori, sobre o que desejo colher a cada dia e, por isso, estar atenta ao que quero semear.
Parece simples, mas é altamente exigente. Requer uma consciência constante de atenção e acolhimento.
Atenção, para compreender as sementes que me pertencem e que me identifico ; acolhimento para conseguir aceitar e ser capaz de fazer a triagem necessária. Na verdade, as sementes que escolho plantar e as que escolho colocar de lado e que já não me servem.
Inevitalmente, se falo em sementes, penso também no terreno. Como se encontra? Onde e de que forma o devo preparar?
Aqui faço um paralelismo aos nossos dias: quantas vezes paramos e colocamos a nossa atenção ao cenário que se vai desenrolando? De que forma contribúo para cada cenário? Como me relaciono comigo e com os outros? O que lhes ofereço e/ou que poder lhes dou?
Acredito que tudo tem a ver com o nosso olhar, com o nosso sentir, com o nosso agir. E isso, na verdade, é maravilhoso, pois torna-nos responsáveis. Eu posso escolher o que semear. Mais, em todo este processo, eu posso escolher como viver cada dia.
O tempo que dedico a limpar e a mexer a terra. O amor, a gratidão, a compaixão que posso colocar em cada momento. A paciência que se desenvolve em toda a espera. Nada é imediato e tudo tem o seu tempo.
Especialmente a natureza, com a qual temos tanto a aprender. Não somos assim tão diferentes.
A natureza ensina-nos a reconhecer novos ciclos; a reconhecer cada movimento interior e a sair deles com mais amadurecimento e sabedoria.