Quando prefiro não ver
Os indiferentes são cada vez mais. Preferem não ver. Se veem, preferem ignorar. Não fazem nada. Até porque assim suportam melhor o mal dos outros.
Outros há que andam de olhos abertos, que vêem e querem ver, e que, por mais que lhes custe, agem e reagem de acordo com aquilo em que acreditam. Comprometem-se e expõem-se às críticas sempre afiadas dos que nada fazem senão censurar os outros.
Devemos escutar e confiar naqueles que nos levantam, não em quem nos derruba.
O mundo está cada vez mais necessitado de gente capaz de construir onde outros destroem. Criar e recriar o que outros arrasam. A recompensa começa por ser imediata, pois que a vida ganha sentido concreto e definido. Mais tarde, outros frutos virão.
Nenhum de nós deve perder o seu tempo e os seus talentos a julgar os outros. Devemos investir a nossa vida em tornar o mundo, e aqueles que se cruzam connosco, um pouco melhor.
Mas por que razão há tantos indiferentes? Por medo de sofrer. Um egoísmo que não é capaz de compreender que o medo do sofrimento é já um sofrimento… e que o sofrimento, com sentido, edifica e engrandece.
Os indiferentes começam por sê-lo face a si mesmos, aceitando-se e permitindo-se quase tudo, pois, desconfiados de tudo e de todos, não têm linhas definidas que separem o bem do mal. Sentem aversão a quem vive com retidão. Porque estes, ainda que falhem, assumem-no e procuram aperfeiçoar-se, sempre com calma e confiança.
Os desconfiados têm sempre muitas urgências. Querem provas inequívocas e querem-nas agora, caso contrário dão o seu descomprometimento como provado.
Na verdade, quem confia, não tem pressa.