«A juventude não é um período da vida, mas um estado de alma, um efeito da vontade, uma qualidade da imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória da coragem sobre o amor da comodidade.

Ninguém se torna velho por ter vivido um certo número de anos, mas porque se abandonou o próprio ideal. Os anos traçam sulcos no corpo e enrugam a pele, a renúncia ao ideal marca-os na alma.»

Em muitos casos está, relegado para um qualquer canto, o álbum ou a caixa de fotografias. Percorrer as mais amareladas pelo tempo cria uma sensação de melancolia: os rostos perfeitos, frescos, sorridentes do passado deram lugar à impiedosa verdade do espelho em que esses mesmos rostos se refletem hoje.

O fluir do tempo escava rugas, produz estrias, desvanece a tonalidade, extingue a frescura e o vigor. Se o jovem ou a rapariga que hoje sabe que é atraente imaginasse os seus traços dentro de algumas dezenas de anos, ficaria desconcertado.

E no entanto um caminho para exorcizar este espetro é sugerido no texto acima citado, fragmento de um trecho mais amplo habitualmente atribuído a um discurso do general Douglas A. McArthur (1880-1964), figura de relevo na II Guerra Mundial. Na verdade ele remetia para um escrito de um judeu alemão emigrado nos EUA, Samuel Ullman (1840-1940).

É preciso conservar ao longo do percurso do rio do tempo a frescura interior da procura, da paixão, do amor, da beleza, da expetativa. Está precisamente aqui o drama de muitos jovens de hoje que têm um rosto perfeito, um corpo ágil, mas uma alma encarquilhada, já velha e enrugada.

E está precisamente aí a vitalidade e a alegria de viver de não poucos idosos que, não por causa de ridículas atitudes juvenis exteriores, mas por encargo interior preenchem os seus dias de interesses e de expetativas. O verdadeiro "lifting" não é o da carne e da pele, mas do espírito.

[Card. Gianfranco Ravasi | Presidente do Conselho Pontifício da Cultura | In Avvenire]