O tempo para ler dilata o tempo para viver

Notícias 23 abril 2017  •  Tempo de Leitura: 2

«Os livros têm valor apenas se conduzem a vida, se sabem servi-la e beneficiá-la. É desperdiçada cada hora de leitura se dela não brota para o leitor uma centelha de energia, um sentimento de renovação, um hálito de nova frescura.»

Às vezes é preciso falar dos livros e de leitura, sobretudo num panorama tão desconfortante como é aquele em que à bulimia dos livros que são publicados corresponde uma anorexia paralela dos leitores.

Tem, todavia, razão, pelo menos em parte, o famoso e muito lido (até pelos jovens) Herman Hesse (1877-1962) na consideração acima citada. São demasiados, com efeito, os escritos inúteis.

O filósofo inglês Francis Bacon escrevia que «alguns livros são saboreados, outros engolidos, poucos mastigados e digeridos». Outro inglês, o crítico de arte John Ruskin, afirmava que «os livros se podem dividir em dois grupos: os de agora e os de sempre».

Também eu estou convencido de que muitas páginas não valem os bosques que lhe deram o papel, sacrificando o verde e a área mais limpa. Contudo, sem os grandes livros, a começar pelo Livro por excelência, a Bíblia, a humanidade não se teria tornado tal.

É verdade que os livros podem ser também perigosos e criar guerras e ódios; porém, permitem-nos pelo menos compreender o bem e o mal que somos, tornam-nos conscientes dos segredos das nossas almas, revelam-nos horizontes que sozinhos não saberíamos alcançar e podem dar-nos «uma centelha de energia e um hálito de nova frescura».

Escrevia o francês Daniel Pennas: «O tempo para ler, como o tempo para amar, dilata o tempo para viver».

 
 

[D. (Card.) Gianfranco Ravasi | Presidente do Conselho Pontifício da Cultura | In "Avvenire"]

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail