V Quaresma: «Senhor, nós queríamos ver Jesus»
O namoro é a altura da vida que mais nos faz sonhar, sorrir, dialogar, querer dar, querer estar, querer ser…
Quando um Ser humano encontra a outra metade que o completa, o mundo fica repleto de cor,
o mar bravio acalma, o verde do jardim é perfume infinito, o céu escreve uma melodia e o sol dança!
Conseguimos montar o cenário de uma história de encantar e permanecemos deslumbrados e felizes!
Conhecermos o outro é fundamental e quando somos capazes de definir as suas qualidades,
apontar os seus defeitos e defender as suas atitudes com um certo glamour e alguma destreza
descobrimos que estamos completamente apaixonados e queremos a sua presença constante na nossa vida!
O nosso relacionamento com Deus é igual.
O Senhor dos Céus apaixona-se por nós todos os dias e conhece-nos, intimamente.
Quer transformar o namoro em algo mais forte…
«Estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova.»
Permite que O encontremos, dá-Se a conhecer e declara-Se: «Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.»
Seremos para sempre o Seu Maior Amor e sempre que dialogarmos com serenidade:
«Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade»
Tudo o que é mal se transformará em bondade e tudo o que é incerto despertará a Esperança!
Este Amor tão fecundo e tão misericordioso capaz de nos oferecer o Seu Filho Primogénito,
para resgatar a nossa VIDA do pecado, que nos tece minuciosamente atalhos fugazes,
que nos afastam da «aprendizagem através da OBEDIÊNCIA no sofrimento» como Jesus o fez…
Hoje, no 5º domingo da Quaresma, Jesus vem como Grão de Trigo,
vem para nos dar a Salvação através da dor, com palavras duras:
«Quem ama a sua vida, perdê-la-á,
e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna.»
Mas, quem será que despreza a VIDA?
Como é possível o Deus da Vida e do Amor afirmar que temos de morrer?
As dúvidas vagueiam na nossa mente e alojam-se no nosso coração,
como bactéria que corrói, provoca mal-estar e pode até aniquilar a vida!
Não queremos entender esta última demanda de Deus.
Não conseguimos aceitar que a morte é a nossa salvação!!!
O Messias entra em acção e tenta (incessantemente)
que o nosso coração se acalme e que a nossa mente processe bem a informação adquirida…
Fala-nos do grão de trigo que morre para dar fruto e aí está o princípio básico da vida!
Só que não conseguimos ver além daquilo que nos é facultado… e o grão de trigo foi feito para morrer!
Aceitar esta dura realidade é o que nos faz ter um nó na garganta e a lágrima no canto no olho,
sempre que o tema é a morte.
O egoísmo apodera-se do nosso peito e ficamos imersos pela mágoa…
Que falta de Fé… Que Esperança tão escassa habita em cada um de nós!
Não morre a nossa vida (como a conhecemos) quando descobrimos o AMOR?
Não ficamos anestesiados com o poder que o outro tem sobre as nossas acções?
Não queremos ver o outro feliz e ser feliz ao pé do outro? SIM…
É um constante morrer para que haja uma vida nova e para o AMOR dar Fruto e não permanecer só…
É assim que o Pai ama o Filho e o Filho ama o Pai e o grão é envolvido pela terra e alimentado pela chuva,
para que o sol o faça crescer e a VIDA não termine jamais…
Hoje, é preciso morrer para o “mundo” e despertar para uma VIDA NOVA,
onde a morte do grão de trigo se revela no rosto visível de Deus… Daquele que nos ama, infinitamente!