Verdade desarmada e amor desinteressado
«Estou firmemente convencido de que a verdade desarmada e o amor desinteressado terão a última palavra. É mais do que nunca necessário tornar a escutar agora (e sempre) a voz dos pacificadores, já “beatificados” por Jesus no Discurso da Montanha.»
Proponho hoje uma frase do discurso pronunciado a 11 de dezembro de 1964 por Martin Luther King no momento de receber o prémio Nobel da paz.
É uma palavra de esperança e de otimismo que deve expandir-se – com esforço e dificuldade – no meio da cizânia da guerra, da prevaricação, da opressão, da injustiça, uma densa e luxuriante vegetação maligna que cobre o mundo e que tem as raízes nos corações dos seres humanos.
A tentação do desencorajamento é forte mas não é cristã, como também não o é do crente no sentido mais universal do termo. Porque as religiões, no seu espírito mais íntimo, são fontes de vida e de paz; só a maneira com que os seus seguidores as incarnam é que as tornam ofensivas, agressivas, exclusivistas.
Para ter confiança no secreto poder do «verdade desarmada» e do «amor desinteressado» é preciso ser autenticamente religioso e, portanto, corajoso e otimista, certo de que Deus nunca está alinhado com as armas e a força bruta.
Gandhi, que desta certeza foi uma testemunha inabalável, declarava que «para praticar a não violência é preciso ser intrépido e ter uma coragem a toda a prova». Mas a meta, sempre luminosa e feliz, é a das Bem-aventuranças: «Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus».
[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In Avvenire]