Elogio da lentidão
«Um velho conhecido encontrado na rua começa a contar longamente a história dos anos 50. O interlocutor fica maçado, já não suporta mais aquilo que não é necessário e apressa-se a ir embora. Pode ler a desilusão nos olhos do homem, mas mesmo assim diz: "Lamento, tenho de me despachar!".»
Quantas vezes também nós nos encontramos na mesma situação descrita pelo sueco Owe Wikström (n. 1945) na abertura de seu belo livro "A doce indiferença do momento", um verdadeiro "elogio da lentidão", como diz o subtítulo.
Ele confessa: «Gosto de trabalhar de maneira rápida e levar por diante vários projetos ao mesmo tempo. Mas no meio-tempo vou à procura de períodos de indolência, andar por aí sem rumo certo. A alternância entre trabalho e descanso é de máxima importância».
Não é por acaso que a Bíblia inscreve o sábado na criação, quase arquitrave da harmonia cósmica, e atribui-o por excelência a Deus: «No sétimo dia Ele descansou de todo o seu trabalho, abençoou o sétimo dia e consagrou-o» (Génesis 2, 2-3).
De vez em quando tenta propor-se a eliminação do repouso dominical, alinhando no ritmo de uma sociedade cada vez mais frenética, que ignora não só a calma, mas também a reflexão.
Perante o delírio do fazer, da efervescência, da conversa, é necessário abrir, ao contrário, o oásis da quietude, da lentidão, da pacatez. A agitação que nós corrói a alma cria pessoas atingidas pelo stress, insatisfeitas, incapazes de escutar a sua consciência e os outros.
Pascal dizia que todos as nossas desgraças vêm de não se ser capaz de estar um pouco sozinhos no quarto a cada dia.
[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In Avvenire]