Poesia, «testemunha silenciosa do amor de Deus»
«Há uma categoria de pessoas não crentes que podem colocar-se perguntas sobre a sua existência depois de se terem aproximado da linguagem poética, porque a poesia põe interrogações que a matemática e a física não estimulam.»
Esta é a posição do padre polaco Andrzej Madej, da congregação dos Oblatos de Maria Imaculada, na véspera da publicação do seu mais recente livro de poesia, “Pod skrzydlem aniola”.
«Uma vez uma senhora disse-me que decidiu receber o Batismo após ter lido uma recolha minha de poesias. Isto faz-me compreender que ser um padre-poeta é útil: a poesia é para mim um testemunho silencioso do amor de Deus», declara.
O missionário, que trabalha no Turquemenistão, escreve poemas há quase meio século e está convicto de que Deus, «em muitos momentos» da vida lhe «demonstrou que devia continuar».
«Quando eu era seminarista, em Roma, no início dos anos 70, o superior dos Oblatos de Maria Imaculada, um grande teólogo, usava muitas vezes a linguagem poética nas suas homilias e catequeses. Aprendi que o simbolismo é um belíssimo instrumento de pregação. Sou um padre que usa a poesia para ser ainda mais fortemente e profundamente padre», assinala.
O sacerdote publica um livro por ano, em polaco, mas as edições são muitas vezes traduzidas em russo, tornando-as acessíveis aos fiéis do Turquemenistão, cuja população de 5 milhões é constituída por 90% de muçulmanos.
«A minha missão é a de estar entre as pessoas, por isso não tenho tempo para traduzir as poesias. Mas alguns dos fiéis sabem falar a língua russa e pedem-me atualizações dos últimos textos. Há quem saiba ler em polaco, e faz de intérprete no interior da comunidade, explica.
A comunidade católica turquemena é constituída por cerca de 200 fiéis, reunindo-se na capela da Transfiguração do Senhor, na capital, Asgabate, sendo orientada por dois sacerdotes da congregação.