A Bíblia viva

Razões para Acreditar 1 outubro 2018  •  Tempo de Leitura: 2

«Falamos muitas vezes do conteúdo da Escritura e pensamos que ela constitui a mensagem. Não é verdade. O conteúdo é cada pessoa que lê a Bíblia. A mensagem não são as palavras, são os efeitos em nós.»

 

Na véspera da data dedicada pela liturgia a S. Jerónimo (30 de setembro), grande tradutor e intérprete da Bíblia, damos a palavra a um autor à primeira vista estranho a este horizonte, o famoso sociólogo canadiano Marshall McLuhan (1911-1980), um protestante convertido ao catolicismo.

 

McLuhan tinha como hábito levantar-se cedo pela manhã para se retirar no seu estúdio para ler a Bíblia em várias línguas. Assim, nas suas reflexões sobre a religião intituladas “A luz e o meio – Reflexões sobre a religião”, ele delineia a extraordinária eficácia desta leitura, da qual não se pode sair incólume.

 

É verdade que a sua afirmação é exagerada, porque há uma mensagem “em si”, objetiva, no texto sagrado, como em qualquer outra obra. Todavia ele tem razão não só ao evocar a dimensão “subjetiva”, ou sejam os “efeitos” que uma obra gera no leitor, mas também ao sublinhar que este facto é único na Bíblia.

 

Nela, com efeito, opera o “dedo de Deus”, sopra o Espírito Santo, irradia-se a graça transformadora e salvadora. É por isso que tem sentido falar de Tradição: ela é a Bíblia viva na Igreja e em cada crente.

 

Infelizmente nós somos muitas vezes opacos e resistentes à força dessa Palavra. Como já o censurava o filósofo anticristão F. Nietzsche, quando convidava os fiéis a não insitir tanto na leitura do texto sagrado da parte dos incrédulos, mas mostrar-lhes com a vida e o rosto a verdade da Escritura viva.

  

[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In Avvenire]

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