Espero a morte em paz

Razões para Acreditar 2 novembro 2018  •  Tempo de Leitura: 2

«Estendo os meus braços ao meu Redentor, e pela sua raça espero a morte em paz, na esperança de a Ele ser eternamente unido; e vivo entretanto com alegria, feliz por aquilo que a Ele lhe agradou dar-me e feliz também pelo sofrimento que o seu exemplo me ensinou a suportar.»

 

Eis-nos mais uma vez no umbral de novembro, o mês que a tradição popular ligou à memória dos defuntos. O pensamento da morte raramente se abeira das nossas mentes, também porque parece que resfria a nossa vontade de viver.

 

Na realidade, bem diferente deveria ser o seu efeito, como testemunham as palavras citadas, escritas por um génio da humanidade. Trata-se do filósofo e cientista Blaise Pascal nos seus “Pensamentos” (n. 737) que nos deixa esta expressão de serenidade.

 

Pascal morrerá com apenas 39 anos, em 1662, mas aquela meta extrema era para ele iluminada pela certeza de um encontro muito esperado (a esperança de ser eternamente unido ao Redentor).

 

Precisamente tendo essa meta fixada, viveu com intensidade e paz a sua breve vida, nas alegrias e nos sofrimentos. E ainda hoje nos adverte assim: «Os homens, não podendo curar-se da morte, esperando ser felizes, decidiram não pensar nela.

 

É tudo isso que souberam excogitar para se consolarem. Mas é um remédio bem miserável porque, em vez de enfrentarem o mal, querem apenas escondê-lo até quando puderem» (“Pensamentos”, n. 213).  

 

Desvelar a morte na sua realidade conduz à descoberta de que se trata de uma meta onde, como escrevia um pensador judeu, Franz Rosenszweig, «começa e eleva-se todo o conhecimento sobre o Tudo». Detenhamo-nos, então, nestes dias, por alguns momentos, para refletir sobre a vida e sobre a morte.

 

 

[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In Avvenire]

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