Autocrítica
«Um verdadeiro jornalista explica muito bem aquilo que não sabe.» «Jornalista: uma pessoa cujo trabalho consiste em separar o grão da casca, e em fazer publicar a casca.»
De vez em quando, um pouco de autocrítica não faz mal a ninguém. Inclusive aos jornalistas. Como neste caso, a cunhar estas duas frases, tão sarcásticas, estão precisamente dois famosos jornalistas. A primeira é de Leo Longanesi, criador de jornais e senhor de uma pena fustigadora. A segunda é de um conhecido jornalista americano, Elbert Hubbard.
O difícil é contradizer totalmente os dois, depois de folhear todos os dias as páginas de jornais e revistas. Não se trata de juntar sal às feridas, como também é evidente que todo o excesso de crítica, no fim, se autodestrói.
Pensemos, com efeito, como é preciosa a imprensa livre, a informação diversificada, a documentação disponível a todos, em particular nos nossos dias. Antes de tudo, deve-se reconhecer, sem hesitações, que a imprecisão domina, e muitas vezes corre a par com a presunção de explicar e saber tudo.
Um dito hebraico diz que «o sábio sabe o que diz, enquanto que o estúpido diz o que sabe». Há uma arrogância na ignorância que é, muitas vezes, irrecuperável. Mas devemos também fazer outra consideração.
Não raramente, o gosto pelo escândalo, o alimentar-se das cascas, o deleitar-se na falsidade, oferecem um subtil prazer partilhado por muitos. Cai, assim, não só a procura da verdade, mas também o respeito pela dignidade própria e dos outros.
A intempérie histórica em que vivemos perdeu, infelizmente, o sobressalto moral, o remorso, a seriedade e a severidade, que não são nem pedantismo, nem hipocrisia.