A Bíblia não é para ficar a ganhar pó, mas para ser provocação

Razões para Acreditar 21 janeiro 2020  •  Tempo de Leitura: 5

Do padre ao recluso, do bispo ao migrante, do polícia ao jornalista, do professor ao desempregado, até ao atacante da Roma Nicolò Zaniolo, como expoente de todo o mundo desportivo: serão 40 aqueles que, em representação das «muitas expressões da nossa vida diária», receberão uma Bíblica oferecida pelo papa Francisco.

 

O presente do pontífice, que será entregue também a delegados das Igrejas ortodoxas e das Comunidades Evangélicas, chega no Domingo da Palavra de Deus, a 26 de janeiro, acontecimento que o papa quis instituir, no passado setembro com a carta apostólica “Aperuit illis”, para fazer redescobrir mais aprofundadamente a Bíblia e deter a grande «ignorância» sobre os textos sagrados. Também e sobretudo da parte de muitos crentes, que chegam a confundir o Antigo com o Novo Testamento.

 

«Este Domingo quer provocar os todos cristãos a não pôr a Bíblia como um dos muitos livres nas estantes de casa, possivelmente cheio de pó, mas um instrumento que desperta a nossa fé», explicou o arcebispo D. Rino Fisichella, prefeito do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, ao apresentar no Vaticano o programa do dia, que se iniciará com a missa presidida pelo papa, na basílica de S. Pedro, aberta com a solene entronização do lecionário [livro das leituras bíblicas] usado em todas as sessões do concílio Vaticano II (1962-1965).

 

Durante a celebração será colocada sobre o altar a estátua de Nossa Senhora de Knock, padroeira da Irlanda, que chegará propositadamente do santuário em memória da aparição de 1879, acompanhada por uma larga representação de fiéis.

 

D. Fisichella chamou a atenção dos padres que «improvisam na comunicação da Palavra de Deus durante as homilias», falando mesmo de um certo «desleixo», que contrasta com a necessidade dos crentes: «O povo de Deus tem o direito de escutar a Palavra de Deus e de ter uma explicação coerente da Palavra de Deus»



É no termo da missa que Francisco cumprirá o gesto simbólico de entregar uma nova edição da Bíblia, acompanhada uma assinatura do próprio, com a recomendação: «Lê a Palavra de Deus que tens entre as mãos, e escuta a voz do Senhor que te indica o caminho da vida», a 40 representantes de múltiplas categorias.

 

«A todos será confiada a Sagrada Escritura para indicar a atenção que somos chamados a pôr na Palavra de Deus, para que não se torne num livro nas nossas mãos, mas torne-se, antes, uma provocação contínua para que seja para oração, leitura, meditação e estudo», afirmou o prelado italiano.

 

O responsável lembrou que «a ignorância das Escrituras é, de facto, ignorância de Cristo», e acentuou que «os católicos precisam de recuperar o contacto com a Palavra de Deus»: «Em casa todos têm uma Bíblia, mas quando se ouve dizer que todos a leram, é uma anedota».

 

«Não esqueçamos que o nosso povo escuta a Palavra de Deus, de facto, exclusivamente quando vai à missa, ao domingo», assinalou, acrescentando que a leitura da Bíblia «e o seu conhecimento oferecem e restituem força aos cristãos».

 

D. Fisichella chamou a atenção dos padres que «improvisam na comunicação da Palavra de Deus durante as homilias», falando mesmo de um certo «desleixo», que contrasta com a necessidade dos crentes: «O povo de Deus tem o direito de escutar a Palavra de Deus e de ter uma explicação coerente da Palavra de Deus, não daquilo que o sacerdote pensa naquele momento».

 

A preparação do Domingo da Palavra de Deus foi feita através de um subsídio pastoral, traduzido também em português, disponível na internet, que párocos, catequistas, diáconos, religiosos e religiosas podem utilizar para propor ideias e instrumentos para a animação do Dia.

 

Na tarde desse dia, em Roma, far-se-á a leitura continuada, por parte de personalidades de diversas categorias, do Evangelho segundo S. Mateus, aquele que será lido nas missas celebradas nos domingos deste ano.

 
[Salvatore Cernuzio | In Vatican Insider]

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