A Bíblia não é para ficar a ganhar pó, mas para ser provocação
Do padre ao recluso, do bispo ao migrante, do polícia ao jornalista, do professor ao desempregado, até ao atacante da Roma Nicolò Zaniolo, como expoente de todo o mundo desportivo: serão 40 aqueles que, em representação das «muitas expressões da nossa vida diária», receberão uma Bíblica oferecida pelo papa Francisco.
O presente do pontífice, que será entregue também a delegados das Igrejas ortodoxas e das Comunidades Evangélicas, chega no Domingo da Palavra de Deus, a 26 de janeiro, acontecimento que o papa quis instituir, no passado setembro com a carta apostólica “Aperuit illis”, para fazer redescobrir mais aprofundadamente a Bíblia e deter a grande «ignorância» sobre os textos sagrados. Também e sobretudo da parte de muitos crentes, que chegam a confundir o Antigo com o Novo Testamento.
«Este Domingo quer provocar os todos cristãos a não pôr a Bíblia como um dos muitos livres nas estantes de casa, possivelmente cheio de pó, mas um instrumento que desperta a nossa fé», explicou o arcebispo D. Rino Fisichella, prefeito do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, ao apresentar no Vaticano o programa do dia, que se iniciará com a missa presidida pelo papa, na basílica de S. Pedro, aberta com a solene entronização do lecionário [livro das leituras bíblicas] usado em todas as sessões do concílio Vaticano II (1962-1965).
Durante a celebração será colocada sobre o altar a estátua de Nossa Senhora de Knock, padroeira da Irlanda, que chegará propositadamente do santuário em memória da aparição de 1879, acompanhada por uma larga representação de fiéis.
D. Fisichella chamou a atenção dos padres que «improvisam na comunicação da Palavra de Deus durante as homilias», falando mesmo de um certo «desleixo», que contrasta com a necessidade dos crentes: «O povo de Deus tem o direito de escutar a Palavra de Deus e de ter uma explicação coerente da Palavra de Deus»
É no termo da missa que Francisco cumprirá o gesto simbólico de entregar uma nova edição da Bíblia, acompanhada uma assinatura do próprio, com a recomendação: «Lê a Palavra de Deus que tens entre as mãos, e escuta a voz do Senhor que te indica o caminho da vida», a 40 representantes de múltiplas categorias.
«A todos será confiada a Sagrada Escritura para indicar a atenção que somos chamados a pôr na Palavra de Deus, para que não se torne num livro nas nossas mãos, mas torne-se, antes, uma provocação contínua para que seja para oração, leitura, meditação e estudo», afirmou o prelado italiano.
O responsável lembrou que «a ignorância das Escrituras é, de facto, ignorância de Cristo», e acentuou que «os católicos precisam de recuperar o contacto com a Palavra de Deus»: «Em casa todos têm uma Bíblia, mas quando se ouve dizer que todos a leram, é uma anedota».
«Não esqueçamos que o nosso povo escuta a Palavra de Deus, de facto, exclusivamente quando vai à missa, ao domingo», assinalou, acrescentando que a leitura da Bíblia «e o seu conhecimento oferecem e restituem força aos cristãos».
D. Fisichella chamou a atenção dos padres que «improvisam na comunicação da Palavra de Deus durante as homilias», falando mesmo de um certo «desleixo», que contrasta com a necessidade dos crentes: «O povo de Deus tem o direito de escutar a Palavra de Deus e de ter uma explicação coerente da Palavra de Deus, não daquilo que o sacerdote pensa naquele momento».
A preparação do Domingo da Palavra de Deus foi feita através de um subsídio pastoral, traduzido também em português, disponível na internet, que párocos, catequistas, diáconos, religiosos e religiosas podem utilizar para propor ideias e instrumentos para a animação do Dia.
Na tarde desse dia, em Roma, far-se-á a leitura continuada, por parte de personalidades de diversas categorias, do Evangelho segundo S. Mateus, aquele que será lido nas missas celebradas nos domingos deste ano.