A riscar na Fé: Não voltes atrás
Se os portais do meu coração
Estiverem sempre fechados,
Rebenta-os e entra na minha alma,
Senhor, não voltes para trás.
Se um dia destes as cordas da minha harpa
Não ressoarem com o teu nome,
Na tua espera digna de piedade,
Senhor, não voltes para trás.
Se quando me chamares
A sonolência do meu sono não passar,
Bate-me e acorda-me com o teu trovão,
Senhor, não voltes para trás.
Se um dia destes no teu trono
Eu colocar alguém sem pensamentos,
Meu eterno Rei,
Não voltes para trás!
[Tradução de José Agostinho Baptista | in Rabindranath Tagore, Poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2004.]