Dizer ou não dizer? Eis a questão!
Admiro muito, as pessoas que mantêm a calma e guardam silêncio quando estão a ser contrariadas, criticadas ou a ouvir algo que é completamente diferente daquilo que acreditam. Admiro aqueles cujo rosto fica sereno, mesmo quando ouve algo que o choca ou até ”roí” por dentro.
Admiro e invejo…
Sou uma pessoa com o coração na boca, mas não é que diga tudo o que pense, mas quando digo e exprimo os meus pensamentos, não gosto que me contrariem, por isso não raras vezes, digo o que penso mas não da melhor maneira. Já te aconteceu de seres assaltada por uma súbita vontade de dizer a alguém que a sua atitude é deplorável, de contrapor as pessoas com os seus atos pouco coerentes, de dizer que chega…? A mim sim. Então como dizer às pessoas, e às vezes as que gostamos muito, que não gostamos de certos comportamentos, conversas ou ações? Como dizer, sem ferir, que não concordamos com as coisas?
Por vezes optamos pelo silencio e:
- Ora ficamos orgulhosos de nós mesmos por termos resistido à vontade de dizer o contrário do que ouves (e vamos para casa pensar….devia ter dito isto ou aquilo)
- Ora falamos e às vezes a outra parte não compreende, desvaloriza ou até fica sentida com a nossa visão dos factos (e vamos para casa pensar…devia ter estado calada)
O certo é que somos tomados por impulsos e nem sempre o tempo nos ajuda a domina-los, acho até que em alguns comportamentos ganham vida própria e já não os seguramos. É óbvio, que o tempo nos ajuda a limar muitas arestas, mas há outras que se vão aguçando com o tempo e torna-se difícil moldá-las.
A questão talvez não seja, dizer ou não dizer, mas como e quando o dizer.
Ao menos se eu soubesse…! Se eu adivinhasse que me ia exaltar, ou que a outra pessoa ia ficar melindrada!
Não controlámos todas as variáveis que fazem com que uma conversa possa culminar numa discussão acesa, porque na verdade ninguém gosta de ser contrariado. Talvez nos devêssemos pôr mais à prova pormos em risco os nossos argumentos, e discutir habilmente, com quem tem ideias diferentes das nossas. Mas estamos cada vez mais fechados nos nossos círculos e tentamos proteger a nossa sanidade mental da correria diária e de algumas pessoas que têm de estar sempre a falar e a dizer o que pensam sem darem espaço ao outro para argumentar.
A vida é uma permanente aprendizagem, mas confesso, querida amiga, que às vezes aprender doí! Doí, não só porque descobrimos que nem todos partilhamos dos mesmos valores humanistas mas, a mim, dói mais quando percebo as minhas fragilidades e limitações no momento de demonstrar aos outros o meu ponto de vista.
E tu amiga, o que te apetece dizer?