Ter a ousadia de perguntar. Ter ousadia de incomodar

Cartas a uma amiga 17 junho 2023  •  Tempo de Leitura: 2

Sou grata a quem tem ousadia de me perguntar coisas. Sou grata por aqueles que não temem incomodar e me questionam, não para me pôr à prova, mas para realmente ouvir o que tenho a dizer.

 

Sabes amiga, sinto que vamos perdendo a vontade de perguntar. Escondemo-nos na desculpa” não quero incomodar” e fugimos de querer saber o que realmente é importante na vida uns dos outros. Quando vemos alguém mais abatido ou distante somos muito rápidos a fazer juízos de valor mas demasiado lentos para questionar:” O que se passa?”. “Porque estás assim?”

 

Porque não perguntamos?

Será que não queremos saber?

Será que não queremos carregar as dores dos outros?

Porque achas que será?

 

A pergunta significa que alguém quer saber, está interessado e se preocupa. E sabe tão bem termos quem se preocupe connosco!

 

Há quem não goste de ser importunado e sente qualquer pergunta como uma invasão da sua privacidade, mas acredito que também essas gostam de ter boas conversas.

 

Outros passaram por experiências terríveis de quebra de confiança e são incapazes de dar espaço a que se lhes façam perguntas, mas mesmo esses…precisam de boas relações e de curar feridas.

 

As perguntas são bons pontos de partida, mas devem ser sinceras e quem as faz deve estar preparado para ouvir o que daí vem.

 

Mas será que estamos preparados para ouvir o que o outro nos vai dizer?

 

Vamos arranjar tempo, amiga, vamos fazer perguntas, porque eu quero saber como estás.

 

E tu amiga, o que falta que te perguntem?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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