Empatia precisa-se

Cartas a uma amiga 8 julho 2023  •  Tempo de Leitura: 2

Querida amiga já te aconteceu, numa conversa de amigos, alguma destas situações?

 

- Olá estás bem?

- Sim.

- Que bom, eu é que estou mal…

E lá vem o rol das lamentações

Ou então,

 

- Olá estás bem?

- Nem por isso, dormi mal.

- Isso não é nada, eu não durmo á 2 noites, e estou cheia de dores de cabeça…

 

E lá vem o rol das lamentações.

 

Bem me parecia que conhecias esta história.

 

Pois é, não é que eu tenha nada contra quem conta as suas misérias, e até tenho vontade de ajudar, mas não gosto é de desvalorizarem as minhas angústias, consoante as suas próprias. Costumo chamar a isso a “conversa dos reumáticos”, com todo o respeito pela doença. Na prática, o que acontece é que quando um se começa a queixar, logo outro se queixa ainda mais.

 

Se alguém diz:

 

-Estou ocupada, nem sei para onde me virar! (em jeito de desabafo)

 

 Geralmente não ouço ninguém dizer:

- A sério? Posso ajudar?

 

O que ouço é

- Nem digas nada! E Eu?

 

E lá vem o rol das lamentações

Nem sempre estamos com paciência uns para os outros mas podíamos cultivar mais a empatia, a escuta e a valorização do que o outro sente, pensa ou acha que tem, sem o querer “atropelar” com as nossas considerações. E isto tanto vale para o mal como para o bem.

Não raras vezes alguém partilha:

- Fui ver um concerto de alguém.

E o outro responde

- Esse? Não canta nada, eu fui ver…e blábláblá

E lá temos de ouvir as peripécias todas do concerto que o outro assistiu sem termos possibilidade de partilhar a nossa alegria. Isto passa-se com viagens, idas a restaurantes e tantas outras coisas que são tão boas de partilhar e que nem sempre encontram o recetor certo.

Creio que não custa nada mostrar interesse, empatia e escutar o outro. Quem sabe o outro nos pergunta:

E tu amiga, como estás?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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