Deixa lá, não te chateies.
Querida amiga já te aconteceu de chegares a casa de uma reunião que não correu tão bem como gostarias e começas a desabafar e ouves: “Deixa lá, não te chateies.”? Outras vezes somos nós a dizer aos outros, como se os quiséssemos proteger, desvalorizando o acontecimento- “Deixa lá, isso passa!”. A verdade é que, quando é connosco, doí muito o sentido de injustiça ou fracasso, mas não doí menos quando vemos que alguém que amamos sente isso. Quando um amigo, filho, companheiro nos demonstra um sentimento de revolta ou injustiça somos assolados por uma vontade terrível de “partir tudo e “ fazer justiça pelas próprias mãos” que é escondido pela sublime expressão: “Deixa lá, não te chateies”. Ficamos protegidos, mas não consolados.
No outro dia, dei por mim a dizer isso, e a sugerir que o melhor era mesmo afastar para não ter problemas e depois dei por mim a pensar… a sério que disseste isso? A sério que te resignas assim? Que queiras afastar o “cálice” ainda compreendo mas recusar lutar e persistir não, isso não parece bem!
É mais fácil deixar para trás o que nos incomoda e perturba do que enfrentar as tormentas que nos causam. Mas ao afastar estamos a perder a oportunidade de mudar alguns rumos, e acima de tudo permitir um crescimento pessoal que nos faz ser resilientes, mas não resignados. Temos de ter coragem para questionar, sugerir e apontar caminhos, mesmo que a resposta que levemos seja um pouco paternalista do género: ”Deixa lá, não te chateies”.
E tu amiga, o que te chateia?