Somos livres, mas estamos presos!

Cartas a uma amiga 25 maio 2024  •  Tempo de Leitura: 1

Vivemos numa democracia e sentimos a liberdade de exprimir opiniões, decidir caminhos e sonhar que seremos plenamente felizes mas, querida amiga, nunca sentiste que apesar de livre, te sentes presa?

 

Ora assoberbados com agendas pessoais que nos fazem saltar de compromissos em compromisso, ora de reunião em reunião somos obrigados a adiar encontros entre amigos e familiares. Quando isso acontece sinto-me presa, limitada, não que não goste das reuniões e de debater coisas importantes, mas da sensação de privação de coisas mais banais mas também me enchem de prazer. Sinto-me presa! Uma e outra vez dou por mim a reclamar de não poder fazer algo espontâneo, pois a agenda não permite, e a revirar olhos cada vez que alguém sugere mais um compromisso. Depois quando tenho tempo livre… não me apetece fazer nada, pois estou esgotada!

 

Numa outra dimensão, sinto que apesar de sonharmos muito, querermos viajar, conhecer, fazer cursos…e temos liberdade para isso…nem sempre temos os recursos necessários. Quantos de nós gostariam de conhecer o Mundo? Quantos de nós gostaríamos de ter os nossos filhos em escolas com melhor qualidade? Quantos de nós gostaríamos de fazer uma formação superior ou melhorar competência? Fazer umas férias com tudo a que temos direito? Há uma panóplia de opções que nos entram olhos a dentro como se fosse facilmente alcançável, vendem-nos uma liberdade que, depois de fazer contas, nos vai agrilhoar a vida toda.

 

Por isso, sei que sou livre, mas por vezes, sinto-me presa.

 

E tu amiga, que cadeias te prendem?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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