Somos todos especiais? E os outros?
Recentemente, numa conversa formal em que expunha as minhas preocupações sobre o ambiente escolar, responderam-me: “tem de ter em conta que é um caso especial”. Fiquei-me, pois se argumentasse poderia dar a entender que estava a contestar o regime excepcional que algumas pessoas beneficiam. E não, não contesto mas não deixo de me preocupar, pois para cada lado que me vire, encontro “especiais”. Vejo especiais na má educação, vejo especiais na assiduidade, vejo especiais em quase tudo que exija compromisso e respeito. E se nos atrevemos a contestar esse regime somos acusadas de insensibilidade. E mesmo que tentemos mostrar a nossa preocupação a tendência é ignorar.
O problema surge quando esses regimes excecionais prejudicam tanto as liberdades individuais como as de contexto de grupo.
Quando não nos é explicado o porquê desse regime, apenas sim porque sim.
Quando regimes excecionais nos obrigam a ficar calados perante injustiças e deixar andar, mesmo que isso te fruste e revolte.
Quando regimes excecionais são tantos que nos impedem de ver todas as coisas maravilhosas que cada um tem e que também as tornam realmente especiais.
Talvez, só talvez, se tentássemos não banalizar o termo “especiais” nem os usar como meros exemplos pedagógicos. Talvez!
Corremos o risco de um dia encontramos algo especial e ganhamos “cisma” porque durante muitos anos fomos obrigados a aceitar o especial como algo que nos causou revolta e frustração.
Não, não tenho soluções mas tenho uma sugestão, falem mais, ouçam mais e não ponham rótulos de especiais para justificar a excecionalidade de algo. Expliquem melhor os comportamentos, analisem os especiais mas não deixem que os “não especiais” se sintam diminuídos por isso.
E tu amiga? Quem é especial para ti?