O Ruído que se ouve quando fazemos silêncio
Quando foi a última vez que tiveste de ficar em silêncio, lembras-te?
Quando ficaste a ouvir o silêncio, sem redes sociais e sem conversas fúteis, foi fácil?
Vai lá, a esse momento, ou então propõe-te a fazer esse exercício e desligar do mundo e diz-me: para onde foste? O que fizeste? A verdade é que mesmo que fisicamente fiques parada a tua mente viaja, incomoda-se com pensamentos, perturbasse com sentimentos e NÃO TE DEIXA ESTAR EM SILÊNCIO. Faz um ruído estranho, desconexo e perturbador que faz com que esse momento se torne desconfortável.
Confesso que ainda não sei dominar isso, pelo que o silêncio às vezes me faz muito barulho!
Quando participei nas Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa tive a oportunidade de estar muitas vezes em silêncio, apesar de haver barulho e bulício, mas nada comparável à vigília da ultima noite no campo da Graça. No meio do caos organizado, das ambulâncias e da multidão foi proposto a adoração ao Santíssimo Sacramento: “impensável, não há condições” ao que direi “único e irrepetível”.
O silêncio era quase absoluto, mas confesso que havia muito barulho cá dentro. Havia muita prece, muita gratidão e muita vontade de Lhe contar tudo o que ia na alma. Aos poucos sosseguei e apreciei a presença de Deus em cada ruído que ouvia, na brisa que sentia e em cada um que partilhava o minguo espaço que tínhamos. O momento foi especial mas lamento que, no dia a dia, nem sempre consiga sentir o silêncio que me leva a ouvir a voz de Deus. Não a voz das tarefas, afazeres, rancores ou chatices, mas a voz que serena e acalma a tempestade.
Mas esse é um treino que cada um deve fazer: treinar o espírito como treina o corpo!
Aprender a discernir o ruído que perturba da voz interior, não é algo que se consiga à primeira mas implica um trabalho constante e interminável para o qual eu ainda estou longe de terminar. Não vale a pena desanimar, mas educar a mente para os sentimentos que queremos que predominem no nosso coração. Devagar, devagarinho, talvez consigamos apreciar mais o silêncio.
E tu amiga, como tens vivido os teus silêncios.