O cansaço das lutas

Cartas a uma amiga 3 agosto 2024  •  Tempo de Leitura: 2

No início, enchemo-nos de coragem e acreditamos que as pessoas querem ouvir o que temos a dizer. E falamos, escrevemos, sugerimos e reclamamos. Depois, aguardamos respostas, e que alguém nos pergunte o porque do que sentimos e do que pensamos, mas na maioria das vezes recebemos um silêncio constrangedor.

 

E cansamos.

 

Até que surge nova ideia, nova razão para apontar caminhos e vamos à luta. No nosso inconsciente, sabemos que dificilmente termos resposta, mas tentamos…uma vez mais.

 

Outras vezes incutimos os nossos jovens a dizer o que pensam, a reclamar e sugerir, mas quando o fazem cobram-nos do silêncio que recebem.

 

Depois ouvimos “para quê?”, “não vale a pena”, “não te canses”, e instalasse o conformismo entediante que leva ao nosso silêncio e total apatia.

 

Nunca tivemos tanta facilidade em comunicar, expor, sugerir ou reclamar como atualmente, mas acho que as taxas de respostas devem ser das menores. Já escrevi algumas vezes para instituições publicas a sugerir algo, e não tive resposta.

 

Já escrevi a professores para os quais não tive resposta. Já escrevi a escolas, que não me responderam. Também já escrevi a privados para o qual não tive resposta. E sabes, parece que o silêncio sai impune. Não sabemos a quem mais falar, e se vale a pena falar sob pena de nos rotularem de “chatos”.

 

Por vezes, no meu rasgo de ideias, tenho vontade de partilhar uma sugestão ou recomendação, mas logo me dá uma certa lucidez que diz ”não cries expectativas”, “não vale a pena” e não é esse legado que quero deixar aos meus filhos. Quero que aprendam a apresentar ideias e, com respeito e educação, terem a coragem de pensar em mudar o mundo nem que seja a começar em casa.

 

Por isso amiga, se um dia alguém partilhar contigo alguma ideia, por mais estapafúrdia que pareça, responde-lhe sempre. Dá-lhe asas, ou corta caminho, mas responde.

 

E tu amiga, de que lutas estás cansada?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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