A Moda

Cartas a uma amiga 21 setembro 2024  •  Tempo de Leitura: 2

Não raras vezes, quando as pessoas partilham que fazem algo interessante, ouvimos logo quem expresse: ”agora é moda!”. E se tinhas imensa vontade de contar esse feito e de partilhar o teu sentimento…o teu entusiasmo fica por aí e logo acaba uma conversa que nunca começou.

 

Já te aconteceu isso?

A mim sim, ao ponto de nem ter vontade de contar nada com medo de ou:

- de sentir a inveja alheia, que se traduz num ”ai sim…que bom!”

- a desvalorização do evento…”porque é moda”,

- ou ter de ouvir a outra pessoa contar a sua versão da mesma experiencia porque na verdade quando a outra pessoa a fez, não era moda e “aí é que foi”!

 

A verdade é que, às vezes, sinto um bocadinho de inveja dos bons momentos que as pessoas passam, mas apenas o sinto pois gosto de saber o que de bom se passa na vida de cada um. (Porque para saber o que é mau, nem é preciso perguntar.) Quando alguém me conta que assistiu um evento, faz uma viagem, compra algo e está feliz com isso e sente necessidade de partilhar, eu fico genuinamente feliz por essa pessoa, a menos que ela apenas o faça para mostrar que tem uma vida mais “fixe” que a dos comuns mortais como eu.

 

Mas fico mais aborrecida quando quero contar algo de bom que consegui, algo que fiz, algo que senti e, a outra pessoa reage com um certo desprezo. Bolas, será que se fosse uma desgraça tinha mais interesse em ouvir? Nem quero experimentar….

 

Lamurias á parte, imagino como teríamos relações mais positivas se treinássemos melhor esta capacidade de ouvir o outro e sentir alegria pela felicidade do outro. Se é verdade que precisamos de um ombro amigo para chorar, é também certo que a felicidade é algo tão intenso que merece ser partilhado, regado com um brinde e festejado.

 

Num mundo cada vez mais sombrio precisámos quem brinde às coisas boas de vida.

 

E tu amiga, a que brindas?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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