Às vezes é preciso fazer barulho.
Cada vez mais se fala da beleza do silêncio num mundo onde tudo é barulho. Concordo plenamente que devemos refletir mais antes de responder, pensar e não desbaratar à primeira alfinetada que nos espetam. Mas às vezes…
Somos instruídos a ser “politicamente corretos” com todos, a esperar as horas certas para dizer o que pensamos, a ser sensatos, educados, polidos e se possível: CALADOS. Voltamos nós ao “não te chateeis”, “deixa lá” e a todo o tipo de chavão que supostamente nos consolaria. Mas, nem sempre pode ser assim. Nem sempre nos devemos calar à espera que alguém nos pergunte como nos sentimos para dizer o que pensamos, até porque podemos ter de esperar uma vida inteira e enquanto esse sentimento nos corrói por dentro. Sim, porque nem sempre querem saber o que pensamos, ou melhor, como nos sentimos.
Quando nos sentimos injustiçados, ou apenas tristes com algo que nos fizeram, ou que talvez nos pudessem ter feito, mas não fizeram, não teremos nós o direito de dizer? Pensámos logo: “ como o outro vai pensar” pois temos medo de magoar ou de ser mal interpretados, e então, orgulhamo-nos do nosso silêncio ponderado que faz mais barulho em nós do que mais nada.
Isto leva-me a uma frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Não é fácil distinguir o grito dos bons e dos maus, mas lá no fundo, sabemos que podemos dar voz a mais causas e a mais lutas pela justiça e pelo respeito, mas preferimos calar para não correr riscos.
Podemos ver injustiças e causas que mereciam o nosso barulho, mas preferimos a comodidade do silêncio.
Nem sempre tomamos a dor do outro, porque não é nossa.
Nem sempre tomamos orgulhosamente partido por uma causa, porque não é nossa.
Nem sempre fazemos o barulho que deveríamos fazer.
Falta-nos a coragem!
E tu amiga, sobre o que te apetece fazer barulho?