Viver para Sempre?
Viver para Sempre?
Se calhar não!
Muito se tem falado sobre prolongar a vida e ambas temos pensado muito sobre o avançar da idade daqueles que nos são mais próximos. Queremos que eles vivam muito, mas também queremos que vivam bem e sintam que a vida faz sentido e que a sua presença continua a ser VIDA para nós. Admiro a ternura e dedicação daqueles que dão a sua vida para garantir que o fim da vida de outros seja digna dos anos que lhes pesam no corpo. Mas deve ser cansativo! O cuidador abdica da sua vida para ser a Vida de outros na maioria das vezes nem se queixam, apenas aceitam. Um dia fomos filhos e precisamos que cuidassem de nós, mas haverá um dia em que seremos nós a cuidar dos nossos pais e a providenciar que nada lhes falte - que assim seja!. Mas estes são os sortudos pois existem outros tantos que são deixados sem nome e às vezes sem dignidade, à espera que chegue a sua hora e à mercê da compaixão alheia.
Mas acho que pior do que isso são aqueles que desistem de viver, aqueles que, após uma vida longa, se recusam a aceitar as perdas. As perdas dos seus pares, a perda das capacidades físicas, das mentais e começam a pensar: que estou aqui a fazer? Estes podem não ser um fardo físico mas são uma enorme dificuldade para quem cuida pois por mais que se dê o necessário, sente-se que o outro simplesmente desistiu e apenas espera o inevitável. Será que eu vou ser assim?
Mal comparado, a vida pode ser encarada como uma vela que para ser útil tem de estar acesa e a cera, que a sustenta, é consumida na medida que a chama ilumina o espaço. Assim, também a vida se vai consumindo entre canseiras, alegrias e desafios. Por vezes, sofremos mazelas e desgastes que são difíceis de superar e que nos deixam marcas que nos fazem desistir um pouco e ficamos sem vontade de prolongar a vida. Será como uma chama que se vê confrontada com ventanias que a fazem fraquejar. Tal como a vela, a vida desgasta-nos, consome-nos porque isto de ser LUZ dá muito trabalho mas é o que dá razão à nossa existência. Viver para sempre nem sempre significa viver bem, por isso escolho: Viver bem!
Assim sendo, querida amiga, sugiro que vivamos com intensidade o que nos surge no caminho e preparar para um dia, quando a nossa “cera” for mais curta, e os ventos mais agrestes, termos a capacidade de aceitar o momento tal qual ele é, e continuar a ser Luz na vida dos outros, porque o resto… está nas mãos de Deus.
E tu amiga, o que fazes da tua vida?