Nem sempre “vai correr tudo bem”!

Cartas a uma amiga 18 janeiro 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Quando recebes uma notícia que te afeta os planos, ou então os de alguém de quem és próximo somos logo tentados a dizer ”vai correr tudo bem”.

 

Quando de mau te acontece e que te perturba também ouvimos os outros a consolar-nos e a dizer ”vai correr tudo bem”.

 

E sorrimos com um ar de quem está a dizer uma certeza que sabe que não existe. Sorrimos para disfarçar o medo, ou a revolta por algo nos ter acontecido e que não achamos justo. Seja uma doença, um acidente, a perda de emprego ou a partida de alguém próximo, seja o que for, provoca-nos reações em cadeia e palavras estranhas e comportamentos esquisitos.

 

Cambaleamos entre a revolta e a tristeza e os “Super” poderes de quem acredita que tudo passa e tudo vai correr bem.

 

Mas nem sempre corre bem!

Nem sempre ganhamos as lutas todas.

Nem sempre superamos as perdas

Nem sempre temos a força necessária para as mudanças que a vida nos impõe.

E mesmo que, com palavras, tentemos consolar dá-mos por nós a desvalorizar o sofrimento alheio.

 

Quantas vezes para consolar dizemos: ”vai correr tudo bem” e desvalorizamos o sentimento presente, o agora, o imediato em que “NÃO, NÃO ESTÁ TUDO BEM”.

 

Acreditamos sempre que vai ficar tudo bem, dentro do possível e o humanamente suportável, mas AGORA, agora não está bem e é AGORA que eu preciso de gestos, de sorrisos, de companhia. É AGORA que quero que me abraces, e que me faças sentir protegida para que haja o que houver, mesmo que o fim não seja o desejado, já tenha valido a pena essa tua companhia, esse raio de luz.

 

Nem sempre tudo vai correr bem, mas enquanto houver caminho quero que estejas comigo… haja o que houver… estamos nas mãos de Deus e no abraço uns dos outros.

 

E tu amiga, o que não está a correr bem?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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