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Os dias eram como fotocópias de um original sem graça. Todos tinham a mesma sombra. Por vezes, perguntava pelo nome enquanto se aproximava de um calendário. «Ainda é quarta», dizia enquanto dava início ao rígido programa.
A julgar pela figura minúscula que surgia no fundo da rua, dir-se-ia que não tinha mais de dez anos. Caminhava em ziguezague. Tocava numa árvore, espreitava o lixo, subia a um banco de jardim e detinha-se sempre em frente das montras com produtos novos. De repente, avançava em passos rápidos para re
Batem-nos à porta, todos os dias, dezenas de pedintes que, de mansinho, contam histórias comoventes enquanto se instalam cabisbaixos em qualquer recanto da casa. Mas quando são contrariados, mostram-se altivos príncipes, senhores de muitas terras, que ameaçam pôr-nos fora da nossa própria casa. Outr
«Que pedis à Igreja de Deus para o vosso filho?» A resposta surge tantas vezes hesitante e distraída, como se fosse irrelevante, «a fé». Segundos depois, o ministro e os garantes traçam, em silêncio, sobre a fronte daquele para quem se pede o dom da fé, uma cruz.
A imagem sobreveio de novo quando reencontrei a expressão «Igreja como mãe» utilizada, mais uma vez, pelo papa Francisco, na última mensagem para o dia mundial das vocações. «Uma mãe», disse o sumo pontífice, «devemos amá-la, mesmo quando vislumbramos no seu rosto as rugas da fragilidade e do pecado
Durante aquela noite, diz o evangelista, «os discípulos não apanharam nada». O mar era o mesmo: calado, misterioso, cheio de vida. Eles dominavam as técnicas ancestrais. Não havia razão para o insucesso. Mas era como se esse mar espelhasse o vazio de uma vida, numa noite que teimava em não acabar. N
São apenas ramos de oliveira, mãos de alecrim, folhas de palmeira, peças perecíveis que, na manhã deste domingo, voltam a ser agitadas nas ruas do mundo. Mais uma vez, no domingo que antecede a Páscoa, a comunidade cristã recria a última entrada de Jesus na cidade santa de Jerusalém. Aquela manifest
Dependurada ao pescoço como se fosse um amuleto sagrado, a Joana ostentava uma medalha de tons prateados, sobre uma camisola escura. «Onde a ganhaste?», perguntei-lhe. «Foi numa prova, na escola. Fiquei em segundo lugar», respondeu-me com os olhos brilhantes. «Para a próxima», disse-lhe quase sem pe
Talvez seja a tarefa mais urgente da condição humana. O tema ressurge, como erva daninha, aqui e ali, no quintal da nossa história. Percebemos que o assunto tem raízes que nos obrigam a pensar na estratégia, uma e outra vez, para as eliminar. Por vezes desvalorizamos esse empecilho ou procuramos jus
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